quinta-feira, 31 de maio de 2012

Famílias das vítimas do voo da Air France AF 447 aguardam relatório final desconfiadas

Três anos após o desastre com o Airbus da Air France que fazia o vôo AF 447, na rota Rio de Janeiro-Paris, e caiu no Oceano Atlântico, em 31 de maio de 2009, matando todas as 228 pessoas a bordo, os familiares das vítimas aguardam as conclusões finais sobre as causas da tragédia com um sentimento de desconfiança em relação às investigações. O BEA (Escritório de Investigações e Análises), ligado ao Ministério dos Transportes da França, informou que irá divulgar em 5 de julho o relatório final das investigações técnicas sobre o acidente. "O BEA tem apontado, em suas últimas declarações, a ação dos pilotos para tentar explicar a queda do avião. Essa posição é favorável à Airbus. Temos grandes suspeitas em relação às conclusões finais que serão divulgadas", disse Robert Soulas, presidente da associação francesa Ajuda Mútua e Solidariedade, que reúne familiares das vítimas. "Queremos a verdade. Esperamos que eles não culpem os pilotos. Os aviões da Airbus já tinham enfrentado inúmeros problemas antes desse acidente e continuara m apresentando falhas e registrando vários incidentes depois", afirma Nelson Marinho, presidente da associação brasileira AFVV447. "Temos desconfianças porque o governo francês é acionista da Airbus e da Air France e o BEA é ligado ao governo. Não há isenção para realizar as investigações", diz Marinho. Em um relatório preliminar divulgado em julho do ano passado, dois meses após as duas caixas pretas do Airbus A330 terem chegado à França para serem analisadas, o BEA deu destaque aos erros dos pilotos na tragédia. Segundo o órgão, os pilotos cometeram uma série de erros e o acidente poderia ter sido evitado se eles tivessem tomado as medidas adequadas. Mas, ao mesmo tempo, o BEA negou que falhas humanas tenham sido a única causa do acidente. O diretor do BEA, Jean-Paul Troadec, havia declarado na época desse relatório intermediário que o órgão tentava entender os motivos que levaram os copilotos (que estavam no comando) a levantar o nariz da aeronave para tentar ganhar altitude no momento em que o Airbus despencava. O procedimento normal teria sido o inverso, ou seja, baixar o nariz do avião para que ele recuperasse sua sustentação. A análise das duas caixas pretas também permitiu descobrir que o avião da Air France despencou de uma altura de 11 mil metros em apenas três minutos e meio.

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