segunda-feira, 21 de maio de 2012

Comissão da Verdade inicia trabalho com apoio da Comissão de Anistia

O coordenador da Comissão da Verdade, Gilson Dipp, disse nesta segunda-feira que a prioridade inicial do grupo é trabalhar em conjunto com outras duas comissões já existentes e que tratam de crimes cometidos durante a ditadura, as comissões de Anistia e a de Mortos e Desaparecidos. Dipp conversou com a imprensa após a segunda reunião do colegiado desde que seus sete membros tomaram posse, na quinta-feira passada. A Comissão da Verdade vai apurar violações aos direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar. “A própria lei diz que a comissão trabalhará em conjunto com duas comissões previamente constituídas desde 1995 e 2002, que são a Comissão de Anistia e a Comissão de Mortos e Desaparecidos. Esse é o foco inicial para nós iniciarmos nossos trabalhos”, afirmou. Na reunião desta segunda-feira, o grupo não estava completo. Participaram, além de Dipp, Cláudio Fonteles, Rosa Maria Cardoso da Cunha e José Carlos Dias. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também estava presente. Ficou acertado que o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, iria se reunir à tarde com o colegiado. “O ministro da Justiça ficou de falar com Paulo Abrão, se ele estaria pronto para nos dar indicativos do que a Comissão da Anistia tem de documentação, de pedidos, enfim, de material disponível”, afirmou Dipp. “O Ministério da Justiça tem vários órgãos que podem apoiar a Comissão da Verdade. Agora, quando forem os membros da comissão decidir sobre quem presta depoimentos, sobre qual a estratégia de investigação, [a comissão] é absolutamente autônoma e nenhum membro do governo irá participar dessas reuniões”, disse José Eduardo Cardozo. Na reunião desta segunda-feira, disse Dipp, o grupo definirá a estrutura da comissão (número de salas, computadores, funcionários). O grupo foi instalado no Centro Cultural Banco do Brasil, local que já foi utilizado pela Presidência da República durante a reforma do Palácio do Planalto, entre 2009 e 2010. A Comissão de Anistia é aquela que decidiu dar R$ 500,00 de pensão para Orlando Lovechio, que perdeu a perna em atentado praticado pela ALN, de Carlos Marighella, e o triplo para o terrorista que armou a bomba no prédio. A Comissão de Anistia é aquela que fez uma solenidade em homenagem a Marighella, que definiu, no seu Minimanual da Guerrilha, que matar soldados fardados, só porque fardados, era um ato revolucionário. E que deixou claro que hospitais poderiam ser alvos da ação “revolucionária”. A Comissão de Anistia é aquela cujo presidente prega abertamente a revisão da Lei da Anistia e deixa claro que crimes da esquerda não podem ser investigados porque os grupos terroristas estariam lutando pela democracia. Começou bem a Comissão da Verdade, não?

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