segunda-feira, 2 de abril de 2012

Usinas polêmicas buscam recursos via ONU

Duas hidrelétricas na Amazônia que foram criticadas por seus impactos ambientais estão pedindo às Nações Unidas centenas de milhões de dólares justamente pelo motivo inverso -estariam ajudando a salvar o planeta. As usinas de Santo Antônio, em Rondônia (3.150 megawatts), e de Teles Pires, na divisa entre Mato Grosso e Pará (1.820 megawatts), solicitaram à Convenção do Clima da ONU certificação para gerar créditos de carbono. Se levarem, serão os maiores projetos desse tipo no mundo a receber a certificação. Seus empreendedores argumentam que as hidrelétricas ajudam a evitar a emissão de gás carbônico (CO2), que iria para a atmosfera caso o Brasil optasse, digamos, por erguer termelétricas. Segundo cálculos apresentados ao MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) da convenção, Santo Antônio e Teles Pires, somadas, evitariam a emissão de 75 milhões de toneladas de CO2 em dez anos. E merecem ser compensadas por isso, emitindo créditos a serem comprados por países desenvolvidos com metas de corte de emissões pelo Protocolo de Kyoto. Teles Pires poderia ganhar ao menos R$ 432 milhões, e Santo Antônio, R$ 918 milhões no período. As usinas argumentam em seus projetos que o dinheiro é necessário para aumentar a taxa interna de retorno dos empreendimentos. "Contamos com os créditos de carbono para compensar o risco do investidor", diz Luiz Pereira, diretor financeiro da Santo Antônio Energia. Segundo o projeto de Santo Antônio, a usina de R$ 12 bilhões tem taxa interna de retorno de 5,63%, quase metade do padrão para empreendimentos do tipo (10%). A usina de Teles Pires apresenta argumento parecido.

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