terça-feira, 24 de abril de 2012

Procuradoria denuncia Ustra e delegado por sequestro qualificado

O Ministério Público Federal denunciou nesta terça-feira à Justiça Federal, em São Paulo, o ex-comandante do DOI-Codi, coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, e o delegado da Polícia Civil de São Paulo Dirceu Gravina, pelo crime de sequestro qualificado do bancário e líder sindical Aluízio Palhano Pedreira Ferreira, preso ilegalmente por agentes a serviço do governo federal em maio de 1971. Com o golpe de 1964, Palhano teve os direitos políticos cassados pelo Ato Institucional nº 1 e foi exonerado do cargo que ocupava no Banco do Brasil em outubro daquele ano. Em virtude das perseguições sofridas, exilou-se em Cuba, momento em que suas atividades no exílio passaram a ser monitoradas pelos órgãos de repressão, segundo documentos obtidos pelo Ministério Público. Palhano retornou ao Brasil no final de 1970 e ficou na clandestinidade. Seu último contato com a família foi em 24 de abril de 1971, há exatos 41 anos. No Brasil, Palhano ligou-se à Vanguarda Popular Revolucionária, grupo liderado pelo militar Carlos Lamarca, e que tinha poucos militantes em São Paulo, já que a maioria estava presa ou morta àquela altura. Em 6 de maio de 1971, Palhano foi preso pela repressão em São Paulo, onde teria sido torturado e morto. "No caso específico, a vítima Aluízio Palhano Pedreira Ferreira sofreu intensos e cruéis maus-tratos provocados pelo denunciado Dirceu Gravina, sob o comando e aquiescência do denunciado Carlos Alberto Brilhante Ustra. Em razão disso, padeceu de gravíssimo sofrimento físico e moral", afirmam os procuradores da República. "O grave sofrimento físico e moral imposto à vítima foi provocado mediante o emprego de métodos concebidos com a finalidade de causar lesões físicas e humilhação moral intensas", diz a denúncia. Caso processados e condenados, os acusados poderão receber penas de 2 a 8 anos de prisão. A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa dos denunciados para comentar o caso. Esta é a segunda denúncia oferecida pela Procuradoria por crime de sequestro ocorrido na ditadura.

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