domingo, 29 de abril de 2012

O TRIUNFO DA VERDADE: e os ratos pariram… mais ratos!

Do site do jornalista Reinaldo Azevedo - Inquérito sobre Demóstenes vaza na íntegra e evidencia o que os decentes já sabiam: jornalista da VEJA estava apenas fazendo seu trabalho. Ou: como senador tentou abafar repercussão de reportagem da revista sobre a Delta a pedido de Cachoeira Leiam com muita atenção! O ministro Ricardo Lewandowski autorizou o envio à CPI da íntegra do inquérito que investiga as relações do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) com Carlinhos Cachoeira. A investigação corre em sigilo de justiça. A imprensa publicar informações que estão nessa condição NÃO É NEM DEVE SER crime. Mas vazá-las é, sim, ato criminoso! E, no entanto, se as informações chegam aos jornalistas, a sua obrigação é divulgá-las. Nesse caso — curioso, não? —, ninguém indagou: “Qual é a fonte?” Gente que respeita a lei é que não é, certo? Mas a informação veio para o bem. Os ratos, mais uma vez, pariram, como lhes é natural, ratos. Atenção! NÃO HÁ, PORQUE NÃO HOUVE, E VOCÊS PODEM VER POR CONTA PRÓPRIA, UMA SÓ INFORMAÇÃO, UMA SÓ CONVERSA, UM SÓ DIÁLOGO que revelem o jornalista da VEJA a fazer qualquer outra coisa que não buscar informações que eram do interesse público. Não há uma só sugestão que deixe o profissional da revista em situação incômoda, vexatória ou algo assim. Muito pelo contrário. AQUILO QUE OS VAGABUNDOS PROMETERAM — O FIM DOS TEMPOS, O SUPOSTO CONLUIO ENTRE A REVISTA E ALGUNS CRIMINOSOS — ERA, EVIDENTEMENTE, FALSO! Ao contrário: nas vezes em que a reportagem de VEJA falou com Carlinhos Cachoeira ou alguém de seu esquema, estava interessada em obter informações que protegiam os cofres públicos da ação de larápios. É uma fantasia idiota a história de que ele era a única fonte. Quando chegou a vez de o próprio Cachoeira virar reportagem, a revista não hesitou. Foi a primeira a publicar matéria sobre os vínculos do senador Demóstenes Torres com o bicheiro. E isso é apenas fato, que petralha nenhum consegue eliminar da história. Um repórter honesto pode falar com uma fonte suspeita 10, 20, 200 vezes (esse número, aliás, é uma fantasia!). E NÃO se corrompe nas 10, nas 20, nas 200 vezes. Se Lula falou alguma vez com Carlinhos Cachoeira, isso eu não sei. O que é fato? Na CPI dos Bingos, Rogério Buratti, amigo de Antônio Palocci, denunciou que o PT recebeu R$ 1 milhão do contraventor pelo caixa dois — os tais recursos não-contabilizados. A fonte é um petista! O caso Delta, Demóstenes e VEJA Os ratos se deram mal. O inquérito evidencia justamente o contrário do que eles vinham alardeando. E de modo muito impressionante! Prestem atenção! A revista que começou a chegar aos leitores no dia 7 de maio de 2011 trouxe a primeira grande reportagem sobre o fantástico crescimento da Delta (aqui e aqui). Aliás, é a revista em que dois empresários denunciam a “promiscuidade total” entre Sérgio Cabral e Fernando Cavendish — as fotos de Paris são muito eloquentes a respeito, não? Pois bem… Basta ler o inquérito para notar que Carlinhos Cachoeira e seus rapazes se mobilizaram para “abafar” a repercussão da reportagem. E quem se encarregou da operação abafa, embora, publicamente, parecesse fazer o contrário, foi justamente Demóstenes Torres. Leiam este trecho do diálogo (em vermelho). RESUMO Conversam sobre a reportagem da VEJA relacionada à DELTA. CARLINHOS orienta DEMÓSTENES a evitar tocar no assunto. CARLINHOS: oi, doutor. DEMÓSTENES: fala professor. E aí tudo bem? CARLINHOS: bom demais, a sogra não resistiu. DEMOSTENES: é (… ) CARLINHOS: viu a matéria da DELTA aí? DEMÓSTENES: isso, estou te ligando por isso, avisar o pessoal que está todo mundo em cima, ALVARO DIAS, não sei que, pan, pan…. E o que vai acontecer lá não tem jeito de aprovar nada, certo?, nós vamos fazer um requerimento, mas requerimento é convite, o cara pode recusar, agora o grande negócio é que chama a atenção do ministério público prá cima deles. (…) CARLINHOS: é mas eu não gosto da (…) A coisa é o seguinte: eu convivo com eles direto, não tem essa ligação com o ZE DIRCEU, ele comprou a empresa daqueles dois bandidos lá. E os caras dizendo que ele não pagou, e fez isso aí. DEMÓSTENES: eles vão fazer barulho, vai sair um requerimento prá convidar, talvez o FERNANDO se antecipasse soltando a nota, dizendo que isso é mentira, que é um problema empresarial, que nunca teve isso e tal, tal. E pula fora, melhor alternativa. Agora o grande assunto no congresso vai ser isso, tentando chamar, tentando fazer isso e tal, já avisei a imprensa que não tem jeito de convocar, só tem jeito de convidar, porque não é autoridade, numa dessa aparece esses dois bandidos querendo palco e faz o regaço. CARLINHOS: mas parece que eles não vão… Voltei O que o diálogo acima evidencia é justamente Carlinhos Cachoeira infeliz com uma reportagem da VEJA que punha em maus lençóis os seus amigos da Delta. E a razão é simples: QUEM EDITA A VEJA NÃO SÃO AS SUAS FONTES, SEJAM ELAS PESSOAS DE ÍNDOLE DUVIDOSA OU AS CARMELITAS DESCALÇAS. Das fontes, VEJA quer informações. Ponto. O que me impressiona nessas conversas, confesso, mesmo depois de tudo o que sabemos, é a atuação de Demóstenes. O diálogo acima é do dia 8 de maio de 2011. No dia seguinte, a imprensa noticiava, como se vê abaixo, num trecho do jornal O Globo, que o senador iria pedir investigação. Leiam (em azul): Os líderes da oposição no Senado querem ouvir os empresários Fernando Cavendish, presidente da Delta Construções, e os ex-donos da Sigma Engenharia,José Augusto Quintella Freire e Romênio Marcelino Machado, para que ele falem sobre o suposto tráfico de influência do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. Em reportagem da revista Veja desta semana, Freire e Machado afirmam que Dirceu foi contratado por Cavendish, para que o ex-ministro o aproximasse de pessoas influentes no governo do PT. A reportagem afirma ainda que Cavendish teria dito que, com “alguns milhões seria possível comprar um senador” para conseguir um bom contrato com o governo. O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), vai procurar o PSDB e o PPS para, numa ação conjunta da oposição, apresentarem requerimento de convite aos empresários. Para Demóstenes, caberia requerimento à Comissão de Constituição e Justiça ou à de Fiscalização e Controle.”Vamos conversar com os senadores da oposição, para tentar um requerimento conjunto. O problema é que não temos número suficiente para aprovar na comissão, caso o governo queira impedir. Se nada vingar, vamos pedir que o Ministério Público averigue as denúncias”, disse Demóstenes. Não é impressionante? Eu mesmo reproduzi trecho da matéria do Globo no clipping do blog. Ocorre que o senador estava dando um jeito, como revelam as conversas, justamente de impedir qualquer investigação. No dia 9, em nova conversa com Cachoeira, ele mostra satisfação porque a matéria da VEJA “não deu em nada” e faz alusão justamente à reportagem do Globo, que reproduzo acima: RESUMO CARLINHOS diz que DEMOSTENES vai trabalhar nos bastidores do SENADO para abafar a reportagem da VEJA relacionada à DELTA. DEMÓSTENES: ah num deu em nada não cê viu né? Eu arrumei um… uma maneira de fragilizar o discurso. Eu… Única coisa que saiu foi no GLOBO dizendo que eu ia procurar o PPS e o PSDB, pra fazer um convide pros empresários, mas eles rumaram no DIRCEU. Todo mundo, e o resto num saiu porra nenhuma, e hoje eu num vou lá, é capaz que esse trem daqui pra quarta morre, falou? CARLINHOS: é, ta bom. Eles viram a reportagem do GLOBO e me ligaram já. DEMÓSTENES: É, num saiu nada, fala pra eles que num saiu nada que o trem era. Eles queriam um barulhão, falou? CARLINHOS: tá bom. Obrigado aí. DEMÓSTENES: um abraço, tchau. E então? O senador parece orgulhoso de ter levado a imprensa no bico, de ter enganado todo mundo. Como se vê, a relação de Carlinhos Cachoeira com a cúpula da Delta é de absoluta proximidade. Ele foi procurado pelo comando da empresa — conversaram até sobre a matéria do Globo. E um dado relevante: notem que o contraventor estava garantindo que os dois empresários que denunciaram Cavendish e que acusaram a proximidade da empresa com Zé Dirceu, se convidados, não iriam ao Senado. Isso é preocupante. Dois dias depois de a matéria da VEJA ter sido publicada, a conversa sugere que ambos já tinham sido “contatados”… Eu me orgulho de dizer que acreditei em Demóstenes ao ler no Globo, naquele dia, que ele queria investigar o esquema da Delta. Orgulho-me porque todos os valores que ele enunciava e anunciava no Senado estavam e estão corretos. Eu e milhões de pessoas achamos isso. Parece que ele não levava aquelas convicções a sério, o que não depõem contra elas, mas contra ele. Como resta evidente das duas conversas, também o seu empenho em investigar não era verdadeiro. Ao contrário: ele estava atuando a pedido de Cachoeira para impedir que a apuração prosperasse. Fui o único enganado??? Acho que não… Chego a duvidar de que ele tenha noção do mal que fez e que está fazendo não exatametne à oposição, mas aos valores da democracia liberal que ele dizia encarnar. Agora, a imprensa Mais uma vez, fica evidente que a tentativa de linchamento de jornalistas da VEJA é obra de obscurantistas, que odeiam, na verdade, a liberdade de imprensa. Algumas estrelas do jornalismo investigativo, que têm até uma associação, deveriam vir a público para dizer se fontes que revelaram algumas das maiores falcatruas destepaiz, como diria aquele, estavam no convento das Carmelitas Descalças. Aliás, uma personagem emblemática estará na CPI do Cachoeira: o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Eram anjos aqueles todos que forneceram aos petistas, que os vazaram para a imprensa, documentos contra o governo? São decentes alguns “companheiros” infiltrados em bancos públicos, que quebram o sigilo de desafetos do partido? Jornalistas que passaram anos sustentado a veracidade do Dossiê Cayman estavam dialogando com professores de Educação Moral Cívica? VEJA só publica reportagens depois de apurar os fatos. Eurípedes Alcântara já escreveu um detalhado texto a respeito dos procedimentos da revista. A qualidade moral da fonte não faz a qualidade da informação. Como eu já havia escrito anteriormente neste blog, falar com o papa não nos faz santos; falar com bandidos não nos torna criminosos. Em qualquer dos casos, há de haver apuração. As de VEJA são rigorosas — ou Dilma, supõe-se, não teria demitido seis ministros e uma penca de funcionários do Dnit. Mas é compreensível, claro!, que Lula, cuja campanha recebeu R$ 1 milhão de Cachoeira pelo caixa dois, segundo revela um companheiro seu, esteja empenhado agora em tirar a Delta da CPI para investigar a imprensa… Investigar por quê? O inquérito já é público. Qual é acusação? Qual é a suspeita? O que há além da tentativa de intimidação? “Ah, segundo a Polícia Federal, foi o pessoal do Cachoeira que forneceu a fita do circuito interno do hotel em que Zé Dirceu aparece se reunindo com autoridades da República…” E daí? Se foi ou não, a Constituição protege o sigilo da fonte. Que jornalista nestepaiz, de posse daquela fita, não a tornaria pública? Se um ex-deputado, cassado por corrupção, chamado pelo Procurador Geral da República de “chefe de quadrilha” e hoje notório lobista — o nome politicamente correto é “consultor” — despacha com figurões do governo e do Congresso, em reuniões clandestinas, a informação deveria ser amoitada, ainda que tivesse mesmo sido fornecida por alguém de índole suspeita? Ora… O profissional de VEJA não precisa que um inquérito da Polícia Federal ateste que faz o seu trabalho dentro das regras do jogo e de acordo com a ética da profissão. Durante alguns dias, no entanto, a vagabundagem a soldo especulou à vontade. Eis aí! O que sai de relevante do inquérito no que diz respeito à VEJA é o esforço de Carlinhos Cachoeira para abafar reportagem da revista sobre a Delta. Sempre a Delta — a construtora que os petistas não querem investigar. Petistas, sempre os petistas — aqueles que, confessadamente, receberam R$ 1 milhão pelo caixa dois de Carlinhos Cachoeira".

Nenhum comentário: