domingo, 29 de abril de 2012

Grupo comprou lote de vinho raro para Demóstenes

Caronas em jatinhos, presentes do exterior e vinhos de milhares de dólares faziam parte do arsenal que o empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, usava na troca de favores com políticos e servidores, afirma a Polícia Federal. A íntegra do inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) e áudios da Operação Monte Carlo mostram que em agosto de 2011 Cachoeira e seu assessor Gleyb Ferreira da Cruz conversam sobre um vinho Cheval Blanc, safra 1947. A bebida, que já teve uma garrafa especial leiloada por mais de R$ 500 mil, seria comprada para o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), ao custo de até US$ 2.950,00 a unidade. A diferença de preço se daria por causa de algumas “imperfeições” nas garrafas. Numa ligação a Gleyb, Demóstenes autoriza ligar para Las Vegas (EUA) para encomendar cinco garrafas: “Mete o pau aí. Para muitos é o melhor vinho do mundo, de todos os tempos”. E completa: “Passa o cartão do nosso amigo aí, depois a gente vê”. Gleyb então informa a Geovani Pereira da Silva, contador do grupo de Cachoeira, que comprou cinco garrafas para o “professor” -que a PF diz ser Demóstenes. Eles comemoram o negócio dizendo que as cinco unidades saíram por menos de US$ 14 mil. Ao comentar que cada garrafa da safra custaria R$ 30 mil no Brasil, demonstram surpresa. “O quê que é isso? Esse povo deve estar louco”, diz um deles. “Sem noção, né?”, responde o outro. Em páginas da internet, o Cheval Blanc, safra 1947, é citado como um dos vinhos mais desejados e mais falsificados do mundo. O inquérito afirma que o grupo de Cachoeira também ofereceu a Demóstenes caronas em jatinhos. Outra que recebeu favores foi Eliane Pinheiro, então chefe de gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Cachoeira pediu que assessores a levassem ao aeroporto, onde embarcaria para Las Vegas com Geraldo Messias (PP), prefeito de Águas Lindas (GO). Após a viagem, o prefeito agradece a Cachoeira. “Sou fiel a você no pouco e no muito. O que você mandar fazer você tem que pensar duas vezes porque é ordem, tá certo?”, diz Messias.

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