quinta-feira, 1 de março de 2012

Promotoria apura supostas cartas de ameaças de Hildebrando

O Ministério Público do Acre abriu investigação para apurar supostas ameaças feitas pelo ex-deputado e ex-coronel da Polícia Militar Hildebrando Pascoal, de 60 anos, a uma procuradora e a uma desembargadora do Estado por meio de cartas. O órgão vai investigar se as cartas, escritas à mão e enviadas via Sedex em novembro de 2011, são mesmo de autoria do ex-deputado. Hildebrando está preso em regime fechado há 12 anos e acumula penas que somam mais de cem anos de reclusão, referentes a condenações por homicídios, porte ilegal de armas, tráfico de drogas e compra de votos. Entre os casos está o assassinato de um homem, conhecido como Baiano, que ainda vivo teve braços e pernas cortados por uma motosserra. O autor das cartas, que assina como Hildebrando, pede à procuradora Vanda Nogueira, cunhada dele, R$ 6.000 para manter seus filhos e netas. Também a acusa de prejudicá-lo após não ter sido escolhida candidata a deputada estadual, como revelou reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo". Hildebrando foi eleito deputado federal em 1998 pelo PFL (atual DEM) e deixou o partido no ano seguinte. Na correspondência enviada à desembargadora Eva Evangelista, o autor cita jantares em que supostamente trocavam informações sigilosas do Judiciário. Ele afirma ter presenciado a procuradora entregar a Evangelista gabarito de concurso do Ministério Público em que a filha da magistrada era candidata. A promotora e a magistrada não se manifestaram sobre as ameaças. As ameaças de Hildebrando ocorreram após ele ter perdido a patente de coronel da PM acriana e a remuneração correspondente, em setembro de 2011. Evangelista atuou no julgamento. A procuradora-geral do Estado, Patrícia Rêgo, disse que o alvo da apuração são as supostas ameaças, e não as acusações contra as autoridades. Segundo a procuradora-geral, houve pedido de exame grafotécnico das cartas, ainda não concluído pela impossibilidade de obter amostra da grafia de Hildebrando. Ele está internado em um hospital em Rio Branco desde janeiro. Ele não tem advogado nem defensor público. De acordo com Rêgo, Hildebrando pode pedir a remissão para regime semiaberto a partir de 2014, quando completará 15 anos preso. Em razão das supostas ameaças, a Promotoria pediu a prisão preventiva do ex-deputado, o que pode impedir a progressão de regime. Ontem, o Conselho Nacional do Ministério Público recebeu petição de Hildebrando contra a procuradora. O documento será analisado pelo corregedor-geral.

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