sábado, 24 de março de 2012

Procuradoria Geral da República avalia pedir ao Supremo abertura de inquérito contra senador Demóstenes Torres

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, avalia se pede ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito para investigar o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), envolvido em denúncias de cobrança de propina e favorecimento pela máfia dos caça-níqueis em seu Estado. Três relatórios do delegado federal Deuselino Valadares dos Santos, ex-chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da Polícia Federal em Goiás, informam que o senador recebia comissão sobre a arrecadação do esquema, que teria arrecadado R$ 170 milhões em seis anos. A parte do parlamentar seria de R$ 50 milhões, dinheiro que seria destinado à sua futura campanha ao governo do Estado. Os documentos integrariam relatório da Operação Monte Carlo, que prendeu 35 pessoas em 29 de fevereiro, entre elas Cachoeira e o próprio delegado. Deuselino teria parado suas investigações depois de ser "comprado" pelo grupo do bicheiro e Demóstenes Torres. Também estariam envolvidos os deputados federais Carlos Alberto Leréia (PSDB), Jovair Arantes (PTB) e Rubens Otoni (PT). Um dos relatórios citados relataria que, após uma investida da Polícia Federal para estourar um cassino do advogado Ruy Cruvinel, envolvido no bicho, ele contou que, dos R$ 200 mil mensais arrecadados, 50% iriam para Cachoeira e outros 30% para o senador. Grampos da Polícia Federal revelaram que Demóstenes Torres pediu dinheiro e vazou informações oficiais a Cachoeira. Em uma das gravações, o senador aparece solicitando ao bicheiro que lhe pagasse uma despesa de R$ 3 mil com táxi aéreo. Em outra, faria confidências sobre reuniões reservadas com autoridades. Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) e o deputado federal Chico Alencar (Psol-RJ) vão pedir na terça-feira explicações a Gurgel sobre quais providências tomou em 2009 sobre o relatório, que também aponta o envolvimento dos deputados Carlos Leréia (PSDB) e Sandes Junior (PP) com Cachoeira. O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, disse que seu cliente nega "peremptoriamente" as acusações de que recebia 30% da arrecadação de Cachoeira.

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