sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Presidente alemão renuncia devido a escândalos

O presidente da Alemanha, Christian Wulff, que detém um cargo principalmente honorífico, anunciou sua renúncia nesta sexta-feira, após cerca de dois meses como protagonista de vários escândalos na imprensa local. Um sucessor deve ser eleito em uma sessão especial do parlamento, dentro de 30 dias, conforme a legislação. Na quinta-feira, promotores haviam solicitado ao parlamento a suspensão da imunidade de Wulff, um ação sem precedentes contra um presidente alemão. Eles declararam que havia uma "suspeita inicial" de que Wulff agiu de maneira inapropriada ao aceitar vantagens de um produtor de cinema. "A Alemanha precisa de um presidente que conte com um amplo respaldo da população", disse o presidente, em Berlim, num breve comunicado sobre a renúncia. Afirmando que as investigações devem provar sua inocência, Wulff garantiu que sempre procedeu de "forma honrada" no exercício de suas funções, tanto como presidente da Alemanha quanto no cargo de governador. Ele rejeitou as informações publicadas na imprensa alemã e declarou que as notícias veiculadas pelos meios de comunicação "feriram a minha mulher e a mim". Desde meados de dezembro Wulff havia se tornado personagem frequente das páginas de jornal da imprensa alemã, mas como protagonista de diversos escândalos. O estopim ocorreu com a revelação de que havia recebido um grande empréstimo de um amigo rico de sua mulher, quando ainda era governador da Baixa Saxônia. As pressões para a renúncia de Wulff aumentaram principalmente após o escândalo envolvendo o jornal "Bild", um dos mais importantes da Alemanha. O caso aconteceu em 12 de dezembro, quando o "Bild", considerado a publicação mais poderosa da Europa, com 12 milhões de leitores, informou a Wulff que publicaria uma notícia sobre a obtenção da parte dele de um empréstimo em condições muito vantajosas da mulher do empresário Egon Geerkens. Wulff teria ligado imediatamente ao acionista majoritário da editora do "Bild", Friede Springer, e ao presidente da diretoria do grupo, Mathias Döpfner, para pedir a intervenção de ambos e impedir a publicação da notícia. Ao ter o pedido negado, Wulff deixou uma mensagem de voz irritada no telefone celular de Kai Diekmann, diretor de redação do jornal, com a ameaça de processar o repórter responsável. Diversos jornais alemães, como o "Financial Times Deutschland", o "Hamburger Abendblatt" e o "Süddeutsche Zeitung", concordaram em destacar a ingenuidade de Wulff e em afirmar que uma pessoa que agiu de tal maneira não pode continuar como presidente. Mais do que as condições de obtenção do crédito, a imprensa critica o fato de, em fevereiro de 2010, no Parlamento regional da Baixa-Saxônia, Wulff ter negado manter relações com os empresários. Pouco antes do Natal, Wulff pediu desculpas e seu porta-voz reafirmou o compromisso do governante com a liberdade de imprensa. A chanceler alemã Angela Merkel, que havia apoiado a indicação de Wulff em 2010, anunciou que os partidos da coalizão governista vão buscar um candidato de consenso em negociações com a oposição para apontar o sucessor.

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