segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cuba abre setor de açúcar a investimento da Odebrecht

O conglomerado brasileiro Odebrecht prevê produzir açúcar em Cuba, informou nesta segunda-feira a empresa, no que será o primeiro investimento de capital estrangeiro no setor até o momento fechado na ilha de governo comunista. A Companhia de Obras em Infraestrutura (COI), subsidiária da Odebrecht em Cuba, deverá assinar com o estatal Grupo de Administração Empresarial do Açúcar (Azcuba) um contrato de administração produtiva da usina "5 de Septiembre", na província de Cienfuegos. "O acordo, com período de dez anos, tem como objetivo incrementar a produção de açúcar e capacidade de moagem e ajuda na revitalização" do setor, disse a Odebrecht. O projeto abre ao capital estrangeiro um setor sem recursos do país comunista, cuja produção caiu fortemente, de 8 milhões de toneladas na década de 1970 para apenas 1,2 milhão de toneladas na última safra. A título de comparação, a atual safra do centro-sul do Brasil, que está na etapa final, registra uma moagem de 492 milhões de toneladas de cana. A entrada da Odebrecht na modernização da decadente indústria açucareira cubana ampliaria o papel da empresa na modernização da infraestrutura da ilha. O conglomerado, por meio do seu braço para o setor de bioenergia, é um dos principais produtores de etanol do Brasil, com uma capacidade prevista de processamento de 40 milhões de toneladas de cana em 2012. Cuba permitiu há mais de uma década a entrada do capital estrangeiro para o desenvolvimento de indústrias estratégicas como o turismo e, recentemente, a do petróleo, na qual um consórcio da empresa hispano-argentina Repsol-YPF começará a explorar este ano em águas cubanas. Empresas privadas de outros países levaram anos negociando a entrada no setor de açúcar de Cuba, nacionalizado pouco depois da revolução liderada por Fidel Castro, em 1959. Segundo um executivo da indústria brasileira de açúcar com conhecimento do projeto, a Odebrecht também produzirá etanol e energia a partir de biomassa em Cuba. "Cuba está se abrindo à possibilidade de produzir etanol acompanhado de geração de energia, e a Odebrecht vai montar ali uma destilaria", disse o empresário. "É um projeto similar ao que a Odebrecht está desenvolvendo em Angola", acrescentou a fonte, em alusão à uma joint venture de 258 milhões de dólares com a petroleira angolana Sonagol para produzir 260.000 toneladas de açúcar, 30 milhões de litros de etanol e 45 megawatts de energia elétrica. Alguns especialistas acreditam que Cuba poderá ter ressuscitada a indústria de açúcar e poderia se converter no terceiro maior produtor do biocombustível do mundo, atrás de Estados Unidos e Brasil. O Brasil, segundo produtor de etanol do mundo, tem oferecido assistência técnica para Cuba para a produção de biocombustível a partir da cana. A construtora brasileira executa obras avaliadas em 800 milhões de dólares para modernizar o porto de contêineres de Mariel, a oeste de Havana. O projeto, financiado em grande parte pelo BNDES, é visto como uma plataforma comercial chave se os Estados Unidos levantarem o embargo à ilha.

Nenhum comentário: