terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Delúbio Soares nega arrependimento e diz que Mensalão do PT foi "processo político"

O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, acusado de ser um dos mentores do Mensalão, disse na noite de segunda-feira, em Recife (PE), que não se arrepende de nada do que fez e afirmou que não vai deixar de fazer política, seja qual for a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o caso. Segundo ele, ninguém enriqueceu e o ocorrido foi um "processo político". "Vou falar em alto e bom som: não me arrependo de nada, dos cinco anos de isolamento, nada", declarou Delúbio Soares: "Parei de passear, de fazer as coisas, mas valeu muito e está valendo", disse ele, referindo-se aos nove anos consecutivos do PT no comando do governo federal e do avanço do partido nos Estados e municípios. Em debate sobre sua defesa no processo, realizado no Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Pernambuco, Delúbio Soares repetiu que o Mensalão do PT não existiu. Segundo ele, os R$ 55 milhões captados foram distribuídos a políticos do PT e partidos aliados para pagar dívidas de campanha. Delúbio Soares é apontado pelo Ministério Público como o operador do esquema. Se condenado, pode pegar até 111 anos de prisão pelos supostos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. "Delúbio Soares não enriqueceu, os parentes de Delúbio Soares não enriqueceram. Meus pais continuam vivendo da mesma maneira que viviam antes", afirmou ele. "E não conheço nenhuma pessoa que pegou esses recursos e botou no bolso", disse: "Isso eu falo com tranquilidade. Não teve enriquecimento com ninguém, foi um processo da política". No debate, promovido por dez diretórios municipais do PT no Estado, o ex-tesoureiro distribuiu às cerca de cem pessoas presentes uma cartilha com 77 páginas intitulada "A defesa de Delúbio Soares no STF" e um CD para a navegação automática no site e twitter do petista. Ao lado dele, o advogado do partido, Luiz Eduardo Greenhalgh, defendeu o adiamento do julgamento, que deverá ocorrer no próximo ano. "Seria mais conveniente que o processo fosse julgado em ano não eleitoral, para que haja distanciamento das paixões políticas", disse. Greenhalgh disse que recomendou a Delúbio Soares que divulgue no País sua versão sobre o Mensalão do PT, porque considera sua única chance "escancarar o processo". "O STF é isento, mas a opinião pública já está formada antecipadamente", disse. Para o advogado, mostrar o processo e formar o que chamou de "massa crítica", representa uma oportunidade de "consertar o impacto de um julgamento antecipado". Delúbio Soares disse que ao longo do processo foram feitas "matérias distorcidas" e que não concederá mais entrevistas até o final do caso.

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