quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Índios caiowás ganham proteção policial 24 horas após desaparição de cacique

A tensão no acampamento guarani-caiowá instalado em uma fazenda no Mato Grosso do Sul levou a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República a oferecer proteção policial ininterrupta para o grupo de indígenas que ocupa o local. Os caiowá dizem que na sexta-feira seu acampamento foi atacado por um grupo de sete homens que teriam matado o cacique Nísio Gomes e levado seu corpo. Mas ainda pairam dúvidas sobre o que ocorreu exatamente porque a Polícia Federal decidiu tratar o caso como de "desaparecimento ou sequestro", pois a perícia não encontrou no local provas conclusivas de que uma morte tenha ocorrido. "Nós viemos aqui hoje para dizer aos índios e às índias que esse tipo de coisa não voltará a acontecer", disse o secretário-executivo da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Ramaís de Castro. "A partir desta quarta-feira já teremos uma equipe da Força Nacional de Segurança que vai ficar exatamente aqui onde estamos, na entrada da fazenda que eles estão ocupando, para impedir que qualquer violência seja perpetrada contra os indígenas", disse o representante do governo Dilma. A fazenda de soja é uma área regularmente arrendada a um produtor local mas os indígenas argumentam que trata-se de terra tradicional dos guarani-caiowá, que teriam sido expulsos violentamente dali nos anos 1970. "Meu pai foi expulso daqui com a família dele quando tinha sete anos de idade. Mas para nós a terra onde nós nascemos, o Tekoha, é muito importante e por isso meu pai voltou para cá", disse o filho do cacique Nísio Gomes, Genilton Gomes, de 29 anos, que na ausência do pai assumiu a liderança política do grupo e também as responsabilidades espirituais dele como "rezador" da comunidade. O indígena diz que não tem mais nenhuma esperança de ver o pai vivo, porque os sobrinhos que estavam com o cacique no momento do ataque teriam dito que ele foi baleado três vezes no peito com uma espingarda calibre 12 antes de seu corpo ser recolhido e jogado numa pick-up. "Quando encontrarmos o corpo do meu pai vamos enterrá-lo aqui mesmo, onde já está enterrado meu bisavô", afirma Genilton: "E nós também vamos ficar aqui. Essa terra é nossa". "A quantidade de sangue que a perícia encontrou no local não condiz com o sangramento que teria ocorrido caso ele houvesse sido baleado no peito como foi dito", disse o superintendente da Polícia Federal no Mato Grosso do Sul, Edgar Paulo Marcon: "Além disso não encontramos nenhum cartucho de arma letal no local do ataque mas apenas cartuchos de balas de borracha".

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