terça-feira, 15 de novembro de 2011

Célula-tronco de coração recupera danos em primeiro teste

Pela primeira vez, foi testado em humanos o transplante de células-tronco, retiradas do próprio coração, para combater a insuficiência cardíaca. A estratégia teve bastante sucesso. O uso de células-tronco aumentou a capacidade de o coração bombear sangue e fez com que o tecido afetado pelo infarto, considerado morto, conseguisse se regenerar, disse Luís Henrique Gow-dak, médico-assistente do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular e coordenador clínico dos estudos de terapia celular em cardiopatias do InCor (Instituto do Coração da USP). "Nosso entendimento era de que o miocárdio morto tinha capacidade de regeneração inexistente. O trabalho desafia esse conceito, é um marco. Provou que essa recuperação é possível e não traz efeitos adversos", afirma ele. O estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Louisville e de Harvard, nos Estados Unidos, foi publicado na revista médica "Lancet". Existem vários tipos de células-tronco, todas conhecidas por causa da capacidade de assumir a função de diversos tecidos. As do coração ajudam a formar as várias partes do órgão. Em 14 pacientes (entre 16 que fizeram o autotransplante de células-tronco), foi observada, depois de quatro meses, uma redução de 25% do tamanho da área de músculo morto, medida por ressonância magnética. Todos os voluntários já tinham sofrido infarto do miocárdio e feito ponte de safena. Foi na cirurgia que as células-tronco foram retiradas do átrio. O transplante parece ter levado a um aumento expressivo na capacidade de o coração bombear sangue. Em pacientes que receberam a infusão de células-tronco, o índice que mede essa capacidade, chamado de fração de ejeção do ventrículo esquerdo, aumentou de 30% para 38,5% em quatro meses. O valor normal é de 55%, e todos os voluntários do estudo tinham esse índice abaixo de 40%, o que representa insuficiência cardíaca. Surpreendentemente, esse índice aumentou ainda mais (de 39,2% para 42,5%) após um ano em oito pacientes. De acordo com Gowdak, essa melhora pode significar, a longo prazo, menor mortalidade e menor taxa de admissão em hospitais.

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