terça-feira, 25 de outubro de 2011

Morre ex-chefe de Polícia Civil gaúcha no tempo da ditadura militar

Foi cremado na noite de segunda-feira o corpo de Leônidas da Silva Reis, ex-chefe de Polícia Civil do Rio Grande do Sul e em 1970, em plena ditadura militar. Na presença do secretário de Segurança Pública do Estado, e do atual chefe de Polícia, delegado Ranolfo Vieira Junior, a memória de Leônidas da Silva Reis foi evocada pelo advogado Luis Francisco Correa Barbosa. Ele disse: "Hoje perdi uma figura notável dos tempos da Polícia, Leônidas da Silva Reis. Foi Chefe de Polícia durante a ditadura militar, mas sua marca era a conciliação. Tinha autoridade para frear a mão armada e oferecer conciliação. Foi possivelmente o policial gaúcho mais respeitado dos últimos 50 anos, aão pela força, violência ou tortura, mas, naqueles anos turbulentos, pela bonança". Conforme Luiz Francisco Correa Barbosa, nunca se viu tantos agentes - mais que delegados - em uma cerimônia fúnebre. "Foi emocionante e justo", comentou Barbosa. E relembrou: "Revelei no jantar dos 40 anos da ASDEP, na presença dele e de outros antigos, que eu, na época, vivia inconformado com o fechamento da Associação dos Delegados, pelos militares. Os delegados eram de esmagadora maioria petebista. E eu, delegado de classe inicial, já trabalhando em Porto Alegre por força de episódios que havia enfrentado no Interior, fazendo valer a lei, como era técnico de planejamento, e fui quem armou esse serviço na Polícia e, depois, na SSP - em pleno estágio probatório, resolvi que deveria ser refundada a ASDEP. Paguei um edital de convocação de uma Assembléia Geral de refundação, no Correio do Povo. Na verdade, paguei pouco, porque o Dr. Breno Caldas adorou a ousadia e mandou me devolver parte do dinheiro do edital. Leônidas era o Corregedor-Geral e me ligou: "isso não pode, o AI-5 não permite'. Disse-lhe que com outros colegas estaria lá no auditório do Palácio da Polícia na hora marcada e, dele, esperava que comparecesse e presidisse a Assembléia Geral, que seria às 19h30. Nesse horário, ele compareceu e presidiu a Assembléia de refundação da Asdep. Esse era o Leônidas. Depois, quando toda a cúpula da Polícia queria me matar, ele, erguido a Chefe de Polícia, junto com o delegado Hugo Amorim, me chamou para ser seu assessor-chefe". Luiz Francisco Correa Barbosa também foi delegado de Polícia Civil, antes de assumir o cargo de Juiz de Direito, no qual se aposentou.

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