quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Fiscalização encontra mais um contêiner de lixo hospitalar em Pernambuco, Brasil é lixeira do mundo

A Receita Federal encontrou nesta quinta-feira, no porto de Suape, em Ipojuca (a 60 quilômetros de Recife), mais um contêiner com lixo hospitalar "importado" dos Estados Unidos. Foi o segundo carregamento do tipo apreendido no porto nos últimos três dias. No total, cerca de 45 toneladas de resíduos estão retidos no local. O lixo foi "importado" por uma confecção de Santa Cruz do Capibaribe, cidade do Agreste pernambucano conhecida por suas indústrias têxteis. A documentação dos dois contêineres indicava que o conteúdo seria "tecido de algodão com defeito". Ao abrir as caixas metálicas, no entanto, fiscais da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e da Receita encontraram vários fardos com lençóis sujos de sangue, luvas cirúrgicas, seringas, cateteres, máscaras e gaze usados, entre outros materiais. Segundo o inspetor chefe da alfândega da Receita Federal em Suape, Carlos Eduardo Oliveira, a mesma empresa que "importou" os dois contêineres já havia trazido outros seis carregamentos neste ano, também dos Estados Unidos, sem que as cargas fossem vistoriadas. "Vamos investigar agora o que estava dentro desses seis contêineres", disse ele. As cargas foram embarcadas no porto de Charleston, na Carolina do Sul (Estados Unidos), e chegaram a Suape em datas diferentes. A Receita suspeitou do sétimo carregamento, desembarcado em Suape há cerca de duas semanas, porque a documentação indicava um preço cerca de 50% abaixo do parâmetro mínimo usado pelo governo federal para o tipo do material importado. O oitavo contêiner, aberto nesta quinta-feira, chegou ao porto na semana passada. A área onde está o lixo hospitalar, no terminal de contêineres de Suape, foi isolada. Está todo mundo se fazendo de bôbo nessa história. O Brasil virou lixeira do mundo. Milhares de contêineres provenientes da Europa e América do Norte são desembarcados, diariamente, nos portos brasileiros, trazendo lixo clandestino. Para os europeus, que devem promover o banimento total de aterros sanitários até o final de 2014, enviar lixo por contêiner para o Brasil é um grande negócio. E os "importadores" brasileiros pouco se importar de perder um ou outro contêiner. O que eles ganham compensa largamente eventual perda. Da mesma maneira lucram poderosamente os donos de aterros sanitários no Brasil. Não é por acaso que este negócio cresce tanto no Brasil, a tal ponto que seus donos fazem marketing em novela da 21 horas na Rede Globo. É plausível acreditar que no mínimo 1.000 contêineres com lixo clandestino europeu estão sendo desembarcados no Brasil diariamente. Cada contêiner contendo 25 toneladas, esses 1.000 contêineres representariam 25 mil toneladas de lixo europeu. Seria o equivalente à produção de cerca de 15 dias de uma capital brasileira como Porto Alegre. Essa é uma das razões para os aterros sanitários brasileiros esgotarem sua capacidade tão rapidamente. E é fácil funcionar essa cadeia criminosa, porque os aterros não sofrem qualquer fiscalização neste imenso País. Os Ministérios Públicos, estaduais e federal, a Receita Federal e a Polícia Federal, a cada apreensão de um contêiner ilegal desses, fazem cara de muita surpresa.

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