sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Centro de tortura na ditadura, Esma vira escola de música na Argentina

Um lugar emblemático da ditadura argentina (1976-1983), a Esma, a famigerada Escola de Mecânica da Armada, usada como centro de tortura, acolhe, a partir de agora, em sua capela, uma instituição de música popular. "Estamos exorcizando um lugar onde reinava a morte e a tortura com a música", afirmou o pianista argentino Miguel Angel Estrella. Sequestrado em 1977, no Uruguai, torturado e libertado em 1980, graças à grande mobilização internacional, ele se disse revigorado em observar a "felicidade" dos jovens de entre 18 e 25 anos, que têm aulas de música nas salas da tristemente célebre Escola de Mecânica da Armada (Esma). "Tocamos jazz, rock, música latino-americana", conta o pianista, explicando que a escola já reúne uma centena de alunos de origem muito humilde. Miguel Angel Estrella se disse assombrado ainda hoje por esse lugar de sofrimento. "Quando voltei do exílio, visitei todas as prisões e comunidades onde militei nos anos 70, antes de ser sequestrado", contou. No novo trabalho, teve o apoio de Mariano Berroeta, de 35 anos, que se tornou responsável pela escola de música e é filho de um desaparecido político, torturado na Esma, Enrique Berroeta. "A música pode dar sentido a um lugar onde reinava o horror", disse Mariano Berroeta. Ele tinha apenas um ano quando seu pai foi preso, em 1977, e levado à Escola de Mecânica da Armada. "Meu pai foi visto pela última vez na Esma", disse Mariano Berroeta. Estamos aqui a cem metros das salas de tortura pelas quais passaram cerca de 5.000 pessoas, e apenas umas 1000 conseguiram sair vivas. Os desaparecidos chamavam as salas de tortura de "Capucha" (capuz) e "Capuchita", porque eram sempre encapuzados, mesmo quando torturados.

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