quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Vale testa nova tecnologia para extrair potássio em Sergipe

A mineradora Vale desenvolveu uma tecnologia inédita no Brasil que será usada para extrair potássio a 1,2 mil metros de profundidade em reservas no Nordeste. A nova técnica, que dispensa mão de obra no subsolo, está em fase piloto no Sergipe, na região em que a mineradora já produz o insumo para fertilizantes via contrato de arrendamento com a Petrobras, que detém a licença de exploração. A mineradora já concluiu que o novo método pode ser aplicado no projeto, mas ainda está testando capacidade de produção e outras aplicações. A Petrobras possui os direitos minerários de uma área que inclui a mina Taquari-Vassouras, entre outras áreas com potencial de potássio que poderão ser novamente arrendadas ou mesmo vendidas para a Vale. As duas empresas negociam o ativo e em breve deverão anunciar um acordo. "Nós temos estudos importantes, não apenas sobre a exploração, mas principalmente sobre o desenvolvimento da carnalita", afirmou o presidente da Vale, Murilo Ferreira. Entre os minerais de onde pode ser extraído o potássio, estão a carnalita e a silvinita, ambas presentes em Sergipe. O processo para extrair potássio dos depósitos de carnalita conta com dois dutos. O primeiro injeta água aquecida nos poços subterrâneos para dissolver a rocha carnalita, que é levada à superfície, pelo outro duto, sob a forma de salmoura, uma mistura da carnalita com outros sais. Já na superfície é realizada a separação do sal de potássio dos demais também presentes nos depósitos. De acordo com a Vale, o processo, chamado Solution Mining, será usado não apenas no Sergipe, mas também nos projetos Rio Colorado e Neuquén (ambos na Argentina) e Kronau, no Canadá. Os três projetos são para a produção de silvinita. A lavra piloto está localizada na Fazenda Pedras, no município de Maruim, em Sergipe. O local é próximo à divisa com Rosário do Catete, região que caracteriza-se pela presença de reservas de carnalita. O projeto deve entrar em operação entre 2014 e 2016. A Vale já explora a mina arrendada da Petrobras em Sergipe desde 1991 e produz cloreto de potássio a partir dos sais de silvinita, num volume de cerca de 700 mil toneladas anuais. O projeto atual extrai potássio da silvinita a uma profundidade de 450 metros, acima dos depósitos de carnalita. A existência de hidrocarbonetos (a Petrobras procurava petróleo e também acabou encontrando potássio ali) propicia a ocorrência de gases explosivos na região, o que exigiu uma complexa tecnologia de lavra subterrânea desde o começo da exploração, pela Petrobras, na década de 80. Após um eventual acordo com a Petrobras, a Vale poderá mais que triplicar a produção de potássio no Sergipe, chegando a um volume de 2,2 milhões de toneladas anuais a partir da exploração da carnalita. A expansão da produção poderá custar cerca de US$ 4 bilhões.

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