quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Ex-presidente da Eletropaulo diz que rede elétrica está no limite

O economista Eduardo José Bernini, de 54 anos, que já presidiu por duas vezes a maior distribuidora de energia do Brasil, a Eletropaulo, afirma que a rede elétrica aérea está "no limite", e a subterrânea, "um caos". Na primeira vez na Eletropaulo, de 1996 a 1998, Bernini preparou a companhia para a privatização. Na segunda, de 2003 a 2007, costurou o acordo junto com o BNDES de formação da Brasiliana, holding que agrega o banco e o grupo americano AES. Ele diz que o serviço prestado pela Eletropaulo está caindo de qualidade de maneira acentuada: "Estamos percebendo uma degradação da qualidade do serviço prestado. Estão ocorrendo mais interrupções e elas são mais percebidas do que eram no passado. Essa situação vem se agravando". Ele comenta que a redes estão sobrecarregadas: "Elas têm uma limitação física. Apesar de os equipamentos serem mais eficientes, a quantidade de aparelhos que incorporamos ao nosso dia a dia está fazendo com que a densidade do uso de energia elétrica por unidade consumidora seja muito maior. Não só nos momentos de pico, mas ao longo do dia. E o sistema está trabalhando no limite, quase em tempo integral". Para ele, a solução está na conversão da rede aérea em subterrânea: "A conversão da rede aérea em rede subterrânea é a solução. Mas tem coisas que não se misturam. Por exemplo: gás não pode passar perto de energia elétrica. Rede de saneamento também não pode passar perto de rede elétrica, já que a decomposição de matéria orgânica emite gás metano, de alta combustão. Defendo a rede subterrânea. O problema é que o subsolo é o caos. Ele foi ocupado de forma desordenada. Não existe uma política pública. O ideal é que se tenha galerias onde cada uma das empresas ocupe determinada faixa, e o nível de interferência mútua entre elas seja o mínimo possível. Talvez um modelo de exploração dessas galerias mediante concessão seja a solução. Novas redes seriam construídas para a passagem, com ocupação das diferentes utilidades, e se teria uma regulamentação. O que acontece hoje é que cada um abre a sua vala e torce para não encontrar no meio do caminho uma outra já feita por uma companhia de gás ou água e saneamento".

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