sábado, 13 de agosto de 2011

Crise faz gestora de recursos GWI fechar fundos para resgates

Primeira vítima no Brasil dos efeitos da crise deste ano, a gestora de recursos GWI anunciou na sexta-feira o fechamento de seus fundos para resgates e aplicações. A administradora dos fundos, a BNY Mellon, informou em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários que tomou a decisão para "evitar prejuízos ao conjunto de cotistas" sob gestão da GWI. Quando um fundo se aproxima da insolvência, ele normalmente é fechado para evitar resgates em massa e prejuízos maiores aos últimos investidores a sacar seus recursos. Em assembléia marcada para o próximo dia 26, os cotistas decidirão o futuro de oito fundos, se mantêm, liquidam ou mudam o gestor. Uma das carteiras da gestora, o GWI Private, perdeu 99% só neste mês, segundo levantamento da Economática com dados até o dia 8. No mesmo período, o seu patrimônio líquido derreteu de R$ 181 milhões para R$ 1,9 milhão, de acordo com dados coletados no site da Comissão de Valores Imobiliários. O GWI Private era voltado a investidores qualificados, com aplicação mínima de R$ 10 milhões, e possuía apenas seis cotistas. Mas o prejuízo é generalizado. O patrimônio dos nove fundos da GWI registrados na CVM passou de R$ 1,87 bilhão, em 1º de agosto, para R$ 114 milhões no dia 8. Mas apenas sete cotistas saíram até o anúncio do congelamento dos fundos, totalizando 750 na última segunda-feira. A maioria dos fundos da GWI é alavancada, ou seja, o valor das operações pode superar o patrimônio líquido. Esse mecanismo potencializa os lucros, mas também as perdas. No caso do GWI Private, a alavancagem poderia superar o patrimônio líquido em até 200%. A CVM informou que até o momento não há registro de que os limites de alavancagem dos fundos, previstos no regulamento, tenham sido ultrapassados. Na crise de 2008, o GWI, fundado por Mu Hak You para atender à comunidade coreana no Brasil, também congelou fundos após registrar fortes perdas. Mas os cotistas decidiram manter o coreano no comando e, cerca de um mês após o fechamento, os fundos foram reabertos para novas aplicações. As perdas também têm origem na exposição ao mercado de derivativos e na concentração em ativos de poucos emissores. O GWI detinha pelo menos 5% das ações da indústria de alimentos Marfrig, dona da marca Seara e, para desmontar posições arriscadas, derrubou os papéis da empresa. Só na última segunda-feira, a queda foi de 25%. Na semana, a ação perdeu 27,8%. No caso do GWI Private, a concentração em ações da Marfrig era evidente: a posição do fundo em papéis dessa empresa representava 91% do patrimônio líquido no final de julho. Também estão impossibilitados de fazer aplicações e resgates os cotistas dos fundos GWI Classic, GWI Dividendos, GWI FIC de FIA, GWI Funcionários, GWI High Growth, GWI Leverage, GWI Pipes e GWI Small e Mid Caps. Começou o estouro da boiada.

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