quinta-feira, 7 de julho de 2011

Operação Cartola - Tarso Genro dá início à campanha eleitoral no Rio Grande do Sul com operações policiais

Ao melhor estilo Tarso Genro, especialista em organizar os aparelhos policiais para que atuem com objetivos políticos e eleitorais, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, vestiu a fantasia Gasparetto e realizou, nesta quarta-feira, a primeira de suas espalhafatosas operações em toda a sua história. Quase 500 policiais civis, entre delegados, escrivães e investigadores foram mobilizados para cumprir mandados de busca e apreensão em várias prefeituras. Mas, o Poder Judiciário negou os 16 mandados de prisão solicitados, que completariam o desenho do sistema desenvolvido pela Polícia Federal durante a gestão de Tarso Genro no Ministério da Justiça: o justiçamento midiático, com vistas à obtenção de resultados políticos e eleitorais. Ou seja, a Polícia Civil gaúcha nesta quarta-feira deu início à campanha eleitoral para Tarso Genro. Deflagrada pela manhã, oficialmente, a ação visou desarticular uma rede suspeita de praticar supostos crimes contra a administração pública em oito municípios gaúchos. Os suspeitos nas investigações da Polícia Civil são investigados por formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica, fraude em licitações e sonegação fiscal. O esquema é o mesmo sistema da Polícia Federal durante a gestão de Tarso Genro. Os principais alvos, novamente, são empresas de publicidade que supostamente financiariam campanhas eleitorais em troca de favorecimento em licitações. Elas receberiam por serviços superfaturados ou não executados e pagariam propina a funcionários municipais. Ao todo, foram expedidos 43 mandados de busca e apreensão em empresas e órgãos públicos. Estão sob investigação as prefeituras de Alvorada, Canela, Tramandaí, Parobé, São Sebastião do Caí, Osório, Viamão e Cachoeirinha. Os partidos alvos preferenciais desta vez são o PDT, o PTB e o PP. Também foram cumpridos mandados em Canoas e Porto Alegre, onde são investigadas as empresas MAC Engenharia e PPG Comunicação. Em 2007, a MAC foi um dos principais alvos da Operação Solidária, que apontou indícios de fraude em obras públicas em municípios do Estado. É bom informar que esta Operação Solidária já foi completamente demolida pela Justiça. Desde o início da manhã desta quarta-feira, em um espetáculo midiático fantástico, as oito prefeituras foram fechadas e os funcionários proibidos de acessar seus locais de trabalho, tudo feito de forma a propiciar muitas imagens e fortes "repercussões" para as câmeras e microfones amigos. Os policiais procuraram, nas sedes das administrações públicas, documentos relacionados a contratos de publicidade. Participam da ação 500 policiais e 160 viaturas. A Operação foi batizada de "Cartola" em homenagem ao samba Alvorada, criado pelo compositor Angenor de Oliveira, o Cartola. Que coisa mais imaginativa, não é mesmo? O delegado Joerberth Nunes, titular da Delegacia Fazendária, confirmou que dos 16 requerimentos de prisão solicitados à Justiça, em razão da Operação Cartola, 10 eram para Alvorada. Os pedidos foram indeferidos pelo Poder Judiciário. Segundo este delegado Joerberth Nunes, há pelo menos três secretários de uma mesma cidade envolvidos no esquema. "Pretendíamos representar pela prisão deles também, mas o pedido foi indeferido. Outras duas prisões se destinavam aos diretores das empresas de publicidade", disse ele. A ação da polícia investiga irregularidades em contratos avaliados em cerca de R$ 30 milhões. Isso quer dizer que o total dos contratos atingia 30 milhões de reais. Não quer dizer que tenham supostamente sido desviados 30 milhões de reais. O centro da investigação é a agência de publicidade PPG Comunicação, com sede em Porto Alegre. De acordo com o delegado Joerberth Nunes, a empresa venceria licitações, subcontrataria serviços superfaturados, e pagaria propina a funcionários públicos. Para a polícia, a PPG funciona apenas como uma empresa de fachada. Disse ele: "A prefeitura contrata a PPG para a execução de diversos serviços, muitos destes fora de seu objeto social. Nós pretendemos mostrar ao juízo que o modus operandi da PPG é o mesmo em todas as prefeituras". Além da PPG Comunicação, a MAC Engenharia é investigada por prestar serviços à prefeitura de Alvorada, suspeita de adquirir compras sem processos licitatórios. Atrás de elementos que comprovem a prática do desvio de dinheiro público, a polícia apreendeu documentos e computadores em onze cidades gaúchas. Em espécie, foram recolhidos em torno de R$ 150 mil. Segundo Nunes, os documentos apreendidos serão analisados e servirão de base para futuros indiciamentos. O prefeito de Alvorada, João Carlos Brum, do PTB, afirmou que está tranquilo com relação à investigação da Operação Cartola (Gasparetto): "Estou tranquilo com relação às licitações. A orientação é para que se faça tudo certo. Pode ter algum problema aqui ou acolá, que se for comprovado, nós tomaremos as providências". Sobre recente show realizado no município, o prefeito de Alvorada discordou incisivamente do valor divulgado no programa Jornal do Almoço, da RBS TV, que atribuia a uma "fonte confiável" o valor de 800 mil reais para contratação da banda JQuest. O prefeito informou que o empenho assinado pela prefeitura de Alvorada para a realização do show da banda foi de R$ 115 mil, o que é cerca de sete vezes menos do que disse a RBS TV. Estão no rolo prefeituras do PTB (Alvorada e Parobé), PSB (Cachoeirinha),  PMDB (Canela e Caí) PT (Viamão) e  PDT (Osório). A agência de publicidade PPG administra também a conta da Assembléia do Rio Grande do Sul e da Famurs, e já teve a conta da prefeitura de Porto Alegre. Não é uma agência de publicidade clandestina ou de fachada, como quer a polícia civil do peremptório governador Tarso Genro. O presidente da Famurs, entidade que representa todas as prefeituras do Rio Grande do Sul, Mariovane Weiss, comparou a espetaculosa operação policial desta quarta-feira contra dez prefeitos do PP, PMDB, PT, PDT e PTB, aos repetidos eventos proporcionados pela Polícia Federal contra o governo Yeda Crusius. “A um ano da eleição?” - perguntou o prefeito Weiss, que é do PDT, partido que teve a prefeitura dirigida pelo presidente da própria agremiação submetida à devassa, confisco de documentos e equipamentos, além de fechada ao público durante o dia. Mariovane Weiss foi o único político gaúcho que protestou contra essa violência midiática. A acusação de "lavagem de dinheiro" contra alguns dos investigados faz parte do método utilizado pelo esquema da KGB tarsista. Normalmente essas acusações não se sustentam na Justiça, onde acabam caindo, mas servem para dar sustentação aos inquéritos, para fortalecer os pedidos de grampos, prisões e buscas e apreensões, e especialmente para dar imagem de consistência ao justiçamento midiático. O método dessas investigações começa pelo uso do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul. Ali, como primeiro passo, são aprovadas "auditorias" que buscam documentos nos órgãos públicos. Estes documentos são repassados à Polícia Civil e ao Ministério Público, que conduzem as investigações com base em interceptação de telefonemas, torpedos e e-mails, muitas das vezes ilegais, e que são mais tarde descontituídos na Justiça. De todas as notícias divulgadas neste incendiário dia de justiçamento midiático no Rio Grande do Sul, em nenhum momento transpareceu um número palpável sequer sobre supostos valores desviados. Nada, nada, zero. Mas, os objetivos políticos já começaram a ser alcançados. Na Câmara Municipal de Alvorada, devidamente açulados pela "mídia amiga", vereadores da oposição (leia-se - PT), já se alçaram a pedir a constituição de CPI. Exatamente como aconteceu no governo do Estado, no dia da espetaculosa entrevista coletiva dos seis procuradores federais, durante o governo de Yeda Crusius. O mais lançado dos linchadores midiáticos na cidade é o vereador Marcus Tiago (PT). Claro, monte-se uma CPI, requeira-se os autos do inquérito e do processo, e se faça vazamentos seletivos para a imprensa. Exatamente como fez na CPI contra Yeda Crusius a deputada estadual petista Stella Farias, ex-prefeita de Alvorada, que pretende concorrer novamente à prefeitura. Na última eleição ela foi derrotada. A petista Stella Farias é aquela que aplicou grande parcela do Fundo de Previdência dos funcionários municipais de Alvorada no falido Banco Santos, pelo que ela responde a processo. Em Osório, o presidente da Câmara convocou os vereadores para uma reunião na manhã desta quinta-feira. Quem sabe sai uma CPI contra o prefeito Romildo Bolzan filho, presidente estadual do PDT, e cunhado do deputado federal Vieira da Cunha (PDT). Como se vê, há uma seletividade evidente nos alvos políticos. Por trás de tudo, o Tribunal de Contas do Estado, que historicamente deixa passar, olimpicamente, sem qualquer óbice, licitações bilionárias de lixo. Não só isso, o próprio Tribunal de Contas do Estado chancela algumas dessas licitações fraudulentas. E nada acontece, além de conselheiro dessa Corte mandar agredir jornalista que denunciou as fraudes. Foi o que aconteceu com o editor de Videversus, jornalista Vitor Vieira. A ordem para a agressão partiu do ex-presidente, João Osório, na frente dos conselheiros Cesar Miola e Algir Lorenzon. Miola é atual presidente da Corte. E ainda estava presente no ato da agressão, e ficou silencioso, o chefe da assessoria de imprensa, Marcos Rolim (ex-parlamentar, que se diz defensor de direitos humanos, e agora postulante à vaga de conselheiros do TCE).

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