quarta-feira, 20 de julho de 2011

Coordenador do Ipea diz que Banco Central se separou do mercado

O coordenador do Grupo de Análises e Previsões do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Roberto Messenberg, disse nesta quarta-feira que o Banco Central "se separou do mercado, mas ainda está morando na mesma casa", em referência à manutenção da política de elevação de juros por parte da autoridade monetária com o objetivo de conter as expectativas futuras de aumento da inflação. O Ipea é um órgão ligado à Presidência da República. Para Messenberg, o Banco Central tem condições de manter, ou até mesmo reduzir, a taxa de juros, mas não o faz por estar em "processo de separação de um longo casamento com o mercado". Segundo o economista, o Banco Central tenta com o aumento dos juros indicar ao mercado que se preocupa com o controle da inflação e evitar que as expectativas futuras se elevem, o que tem potencial de alimentar novos aumentos de preço. Para Messenberg, a tentativa de conter o consumo e controlar a inflação apenas com juros mais elevados é equivocada. Isso porque, segundo ele, resulta apenas na redução da inflação por um período "transitório": "No longo prazo, a inflação voltará ao mesmo nível por causa da indexação da economia brasileira como, por exemplo, no caso dos salários". O economista defende outros mecanismos para promover um "controle estrutural" da inflação. Entre eles estão medidas de contenção do crédito, como o aumento dos depósitos compulsórios recolhidos pelos bancos, o que reduz a circulação de dinheiro disponível para empréstimos. Desse modo, diz, é possível segurar o consumo: "Não existe mais política monetária em nenhum lugar do mundo com um único instrumento, o de elevação dos juros".

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