terça-feira, 12 de julho de 2011

ANTT confirma que não houve proposta para leilão do trem-bala

Como já era esperado pelo mercado, a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) confirmou nesta segunda-feira que não houve nenhuma proposta para o leilão do trem-bala brasileiro, planejado para ligar Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Apesar da recomendação do Tribunal de Contas da União de alterações no edital e dos pedidos do setor privado para uma postergação do processo licitatório, o governo decidiu manter para esta segunda-feira a entrega das propostas. Mas, no período estipulado, de 9 às 14 horas, nenhum investidor apareceu para esse fim na BM&FBovespa. O leilão estava marcado para o próximo dia 29. O governo deverá dar um novo prazo ou suspender o processo. Se há uma idéia que conta com uma quase unanimidade é esta: trata-se de um delírio megalômano, que consumiria uma fábula de recursos. Não sairia por menos do que o dobro do estimado pelo governo. Por que as empreiteiras não se dispõem a entrar nesse “negocião”, que seria a maior obra pública do País? Por medo de ganhar dinheiro? Ora… O governo se dispõe a financiar praticamente sozinho essa estupidez, ficando uma pequena parte (perto de 20%) para a iniciativa privada. Mesmo assim, as empresas se recusam a entrar na aventura. Por quê? Porque sabem que, mesmo nessa perspectiva absurda de o governo arcar com 80% do projeto, os quase R$ 6 bilhões que lhes caberiam seriam, no mínimo, R$ 14 bilhões. Não há um só especialista sério que consiga atestar a viabilidade econômica do trem-bala. Em um País em que a infraestrutura é capenga, chega a ser uma piada que a presidente da República se dedique com afinco ao trem-bala. Há mais: é uma obra que seria para gerações, governos. Se Dilma conseguir fazer a sua idéia sair da estação, estará encalacrando administrações futuras. Guido Mantega agora deu para ligar para os empreiteiros para reclamar, acusando-os de sabotar os interesses nacionais. Em novembro do ano passado, VEJA publicou uma reportagem demonstrando que o governo omite dados de um estudo que ele próprio encomendou e que deixava claro: o trem-bala custaria quase R$ 64 bilhões! Faltam estradas asfaltadas e bem sinalizadas, ferrovias para transportar cargas e passageiros, redes de metrô, portos eficientes, aeroportos decentes (e profissionais decentes para operá-los) e por aí vai. O governo do PT, no entanto, encasquetou que o principal investimento em transporte a ser feito pelo País tem de ser uma obra bilionária e de necessidade duvidosa: um trem de alta velocidade que ligará Campinas ao Rio de Janeiro, passando por São Paulo. O custo deixou de ser uma fábula para se tornar uma piada. A estimativa inicial, que era de 19 bilhões, já passou oficialmente para 33,1 bilhões de reais. Após o fracasso desta segunda-feira, governo vai dividir licitação do trem-bala em duas. Vai licitar primeiro o modelo de tecnologia (coreano, japonês ou europeu, por exemplo). Depois de definida a tecnologia, será feita a licitação das obras de engenharia. O governo avalia que assim ficará mais fácil estimar o custo da obra, que deverá ser aberta para participação de construtoras internacionais. A primeira fase do leilão será realizada no começo do próximo ano.

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