sábado, 18 de junho de 2011

Filhos adotivos de dona do jornal "Clarín" aceitam fazer exames de DNA

Ernestina e seus filhos
Os dois filhos adotivos de Ernestina Herrera de Noble, dona do Grupo Clarín, maior grupo de meios de comunicação da Argentina, aceitaram ser submetidos a testes voluntários de DNA para esclarecer se são filhos biológicos de desaparecidos políticos da época da ditadura (1976-1983). Marcela e Felipe Noble Herrera aceitaram um novo exame de DNA para "acabar com o estado de angústia ante seus próprios desejos", disse o advogado dos irmãos, Horacio Silva. Os jovens aceitaram ser submetidos aos exames e confrontá-los com amostras de DNA dos familiares de desaparecidos durante a ditadura, depositadas no Banco Nacional de Dados Genéticos, depois que o Tribunal de Apelações argentino decidiu há duas semanas limitar a comparação com casos registrados até julho de 1976. "Dado o contexto e as condições que sofreram e, sobretudo, ante os efeitos gerados na saúde de sua mãe (Ernestina Herrera de Noble) e com o único objetivo de encerrar o caso, tomaram a decisão de fazer o exame e também aceitaram que a comparação seja feita com todas as famílias que tenham dados genéticos no banco", disse o advogado. Em sua decisão de junho, o Tribunal de Apelações também havia confirmado uma resolução da Câmara Federal de Apelações de San Martín (periferia noroeste de Buenos Aires) para que os jovens fossem submetidos a um exame compulsório de sangue.  Em maio de 2010, por decisão da juíza, entraram na casa dos irmãos para pegar amostras contidas em escovas de dentes e de cabelo, mas o banco de dados determinou que as mostras não eram válidas para análise, pois apresentavam vários perfis genéticos. O grupo Avós da Praça de Maio suspeita que os jovens sejam filhos roubados que nasceram durante o cativeiro de seus pais, no regime militar. A decisão dos jovens, adotados em 1976 quando tinham meses de idade, ocorre 10 anos após o início do processo judicial que incluiu a detenção, em 2003, por algumas horas, da mãe adotiva dos jovens, Ernestina Herrera de Noble, de 86 anos. Os irmãos dizem que a adoção foi legal e que se sentem vítimas de uma "perseguição" e "presos pelos ataques" do governo da presidente Cristina Kirchner. O Grupo Clarín tem sérios enfrentamentos com o governo da presidente. Quase 500 bebês, filhos de desaparecidos, foram roubados e adotados durante a ditadura, segundo o grupo, cujo trabalho permitiu encontrar 103 deles, que recuperaram suas identidades.

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