terça-feira, 10 de maio de 2011

Uma economia commodities-dependente

Estudo divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) evidencia o que todo mundo já sabia: cresce a importância das commodities na pauta de exportações do Brasil: nos anos 1990, estava em torno de 40%; entre 2007 e 2010, chegou a 51%. Poderíamos estar apenas diante de uma questão comparativa, sem maior importância: nessa hipótese, a demanda pelas commodities teria aumentado muito, os preços se elevado, e não haveria motivo para preocupação. Ocorre que caiu a participação do Brasil em todas as otras áreas. Isso quer dizer que o País exporta mais o produto primário e cede mercado a outras economias de produtos de maior valor agregado, que geram mais empregos e implicam desenvolvimento tecnológico e industrial. O dado acena para a desindustrialização do País, que, segundo alguns especialistas, já está em curso. O Ipea, informa que o ferro foi o principal responsável pela grande elevação do peso das commodities na pauta de exportações brasileiras em 2010. O governo, já se disse mais de uma vez, não tem resposta para essa equação. O real supervalorizado torna pouco competitiva a indústria brasileira; na outra ponta, o potentado chinês mantém elevada a demanda por commodities, segura sua moeda desvalorizada no porrete, o que o faz um competidor difícil de vencer na indústria. Internamente, já confessou o governo brasileiro, o dólar desvalorizado ajuda a manter a inflação sob controle, ainda que um controle bem acima do centro da meta. Os Estados Unidos mantêm inundado de dólares o mercado, que vêm aqui em busca de nossos juros, valorizando o real. O Brasil tem tentado convencer os dois países a não fazerem essa maldade com a gente. Eles não nos dão a menor bola. Assim, tem-se que, enquanto as commodities estão nos cornos da lua, tudo parece caminhar no melhor dos mundos. É como se a economia brasileira estivesse, assim, viciada em um certo bem-estar que, no limite, pode destruí-la, como droga mesmo. Qual é a resposta dos petistas Guido Mantega e Dilma Rousseff para esse quadro desastroso? Nenhuma.

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