quinta-feira, 5 de maio de 2011

Famílias pedem exame de DNA após resgate de corpo do Airbus A330 da Air France

O presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Vôo 447, Nelson Faria Marinho, diz que a Air France "só começou a resgatar os corpos devido à pressão". Mas disse ser "um alívio" a operação para recolher os corpos encontrados no oceano Atlântico. Uma equipe de resgate conseguiu recuperar o primeiro corpo dos destroços na manhã desta quinta-feira. A polícia francesa informou que o corpo, içado à superfície após permanecer quase dois anos a uma profundidade de 3.900 metros, está em estado avançado de putrefação. Ele ainda estava preso ao assento pelo cinto de segurança. "É preciso finalizar a vida, encerrar esse ciclo que, sem os corpos, fica aberto. Tem que haver um lugar, um túmulo, para que as famílias prestem homenagem à pessoa", disse ele. Segundo Marinho, só duas famílias, uma brasileira e outra alemã, manifestaram a ele o desejo de não receber os corpos de seus parentes mortos. "No Brasil, encontrar o corpo resolve outro aspecto importante, relativo à lei. Sem corpo, existe muita burocracia para oficializar a morte presumida. Isso demora de seis meses a dois anos. Com o corpo, a família consegue receber um seguro de vida, por exemplo, e resolver outras pendências legais", afirma. Segundo a polícia francesa, é possível que os exames não permitam a identificação dos corpos, devido à deterioração. Se essa impossibilidade for constatada em relação ao primeiro corpo, já recolhido, o resgate dos demais pode ser cancelado. Marinho considera impossível que os exames não consigam identificar os corpos. "O exame de DNA permite identificar até corpos muito antigos. É impossível que não consiga saber a identidade de um corpo de dois anos. Essa hipótese é bobagem", afirmou. Os restos mortais resgatados nesta quinta-feira foram levados a bordo do navio francês Ile de Sein, e serão transportados para Paris na próxima semana. A polícia francesa informou que o corpo será encaminhado a um laboratório de análise a fim de determinar a possibilidade de uma identificação por meio do DNA. "Estávamos tentando trazer (o corpo) desde ontem. Demorou muito tempo", disse um porta-voz da polícia francesa. "É difícil por que os corpos estão bem preservados no fundo do mar por conta da pressão e da temperatura, mas trazê-los para cima para águas mais quentes provoca a decomposição", afirmou. Segundo os policiais, existe a possibilidade de que não seja possível trazer à superfície todos os corpos. A polícia francesa está encarregada de resgatar os corpos em cumprimento à determinação do juiz responsável pelo processo sobre o acidente. Oito policiais franceses estão no Ile de Sein.

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