segunda-feira, 2 de maio de 2011

Estados Unidos seguiram pista de mensageiro para chegar a Bin Laden

Anos de obstinado trabalho de inteligência dos Estados Unidos resultaram na operação de domingo que matou Osama Bin Laden, localizado por agências de espionagem que seguiram a pista de um mensageiro de confiança do líder da Al Qaeda. A operação de uma força americana no Paquistão levou menos de 40 minutos e foi fruto de um esforço metódico, depois de meses de planejamento das agências de inteligência, que tinham Bin Laden na mira, para uma arriscada manobra dentro do território paquistanês. A operação pode ter começado há quatro anos, quando agentes de inteligência conseguiram um êxito: identificar o mensageiro pessoal de Bin Laden. "Suspeitos de terrorismo em interrogatórios identificaram este homem como um dos poucos mensageiros da Al Qaeda que tinha a confiança de Bin Laden", declarou um funcionário do serviço secreto. "Eles afirmaram que o homem poderia estar vivendo sob a proteção de Bin Laden. Mas por anos foi impossível identificar seu nome verdadeiro ou paradeiro", disse. "Há dois anos, os serviços de espionagem finalmente identificaram áreas nas quais o mensageiro e seu irmão operavam", afirmou. Mesmo assim, continuava difícil determinar a localização exata, em consequência das medidas extremas de segurança que adotavam. "O fato de serem tão cuidadosos reforçava nossa crença de que estávamos atrás da pista correta", disse: "Em agosto de 2010 encontramos a residência".

A casa, no subúrbio de Abbottabad, cidade que fica 50 quilômetros a norte da capital paquistanesa de Islamabad, imediatamente se transformou em uma prioridade para os analistas de inteligência. "Quando vimos o complexo residencial no qual os irmãos viviam, ficamos estupefatos", disse. O imóvel, com duas portas de segurança, era muito maior que os outros da região e, apesar de estar avaliada em um milhão de dólares, não possuía serviço telefônico nem internet. "As medidas de segurança do complexo eram extraordinárias. Ele tem muros de três a cinco metros que terminam em arame farpado. Os analistas de inteligência concluíram que esta casa havia sido construída especialmente para esconder alguém importante", disse a fonte do serviço secreto. Washington descobriu que, além do mensageiro e do irmão, vivia no local uma terceira família, que parecia coincidir com o perfil da família de Bin Laden: "Tudo o que que víamos, o complicado sistema de segurança, os antecedentes dos irmãos e seu comportamento, e a localização e o projeto do complexo, tudo era perfeitamente consistente com o que, imaginávamos, seria o esconderijo de Bin Laden". Em fevereiro, os serviços de inteligência estavam convencidos de que haviam localizado o líder da Al Qaeda e, assim, a Casa Branca iniciou os preparativos para a ação. "A operação foi planejada por meses, e o presidente era informado regularmente", afirmou outra fonte do governo americano. "Os muros, os sistemas de segurança, a localização e a proximidade com Islamabad tornavam esta missão especialmente perigosa", completou. Desde março, o presidente Barack Obama manteve reuniões periódicas com alguns assessores sobre as opções. O Paquistão não foi informado. "Não compartilhamos esta informação de inteligência com nenhum outro país, incluindo o Paquistão. Por apenas uma razão: acreditávamos que era essencial para a segurança da operação e do nosso pessoal", disse uma terceira fonte. Na sexta-feira, à 08h20 de Washington (9h20 de Brasília) Obama autorizou a operação, que aconteceu no domingo. Helicópteros americanos transportaram até o local uma pequena equipe militar. Durante o tiroteio, morreram Bin Laden, o mensageiro, seu irmão, além de um filho adulto do líder da Al Qaeda. Uma mulher, que foi usada como escudo humano por Bin Laden, também morreu na ação. O comando americano, que não sofreu baixas, incluiu membros de elite das forças especiais. Durante a operação, um helicóptero caiu por falha mecânica. Membros da equipe explodiram o aparelho e subiram em outro para abandonar a região.

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