domingo, 22 de maio de 2011

Congresso uruguaio rejeita anulação de anistia para militares

O Congresso uruguaio rejeitou na sexta-feira, por um voto, a proposta que derrubava a lei de anistia para os crimes cometidos por militares durante a ditadura no país, que vigorou entre 1973 e 1985. A coalizão governista Frente Ampla propôs a mudança, mas não conseguiu maioria por causa da abstenção de um de seus deputados, o ex-guerrilheiro tupamaro Victor Semproni. A votação terminou empatada em 49 a 49. Semproni disse que a proposta desrespeitava a vontade da população, que já votou contra a anulação da lei em dois plebiscitos anteriores, em 1989 e 2009. Semproni será submetido à comissão de ética da Frente Ampla por não ter seguido o que havia sido definido pela legenda. Essa é uma prática comum das esquerdas, a do "justiçamento" dos que ousam discordar das ordens do partido. Processo em comissão de ética partidária é o moderno "justiçamento". As leis de anistia uruguaias vigoram desde a redemocratização do país na década de 1980 e, assim como em outros países da América do Sul, foram aprovadas sob a alegação de que ajudariam o país a se reconciliar com seu passado ao impedir que soldados e terroristas tupamaros fossem processados por crimes cometidos sob o regime militar. O tema vem dividindo os cerca de 3,5 milhões de uruguaios. No plebiscito de 1989, 46% votaram pela mudança e, em 2009, 48%. Uma pesquisa recente, realizada pelo instituto Interconsult, afirma que 55% dos uruguaios são contra a anulação da lei. No domingo, o presidente uruguaio José Pepe Mujica, um ex-terrorista tupamaro preso pela ditadura e atualmente integrante da Frente Ampla, fez um apelo para que a medida não fosse aprovada e sugeriu que fosse realizado novo plebiscito popular em novembro.

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