sexta-feira, 29 de abril de 2011

Justiça gaúcha aceita denúncia contra os 25 réus envolvidos em desvios de recursos da publicidade do Banrisul

A juíza Déborah Coleto de Moraes, da 6ª Vara Criminal de Porto Alegre, decidiu nesta quinta-feira que os 25 denunciados pelo Ministério Público como envolvidos em ilícitos penais relativamente a fatos envolvendo empresas relacionadas com o setor de marketing do Banrisul, responderão a processo crime. A decisão abre o prazo legal de dez dias para que os réus respondam à acusação. A juíza Déborah Coleto de Moraes também levantou o segredo de justiça dos autos, a pedido do Ministério Público. Com isso, a inicial de denúncia dos réus, ajuizada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, tornou-se pública, e Videversus a disponibiliza aqui, na íntegra, para ser lida pelos internautas. Trata-se de uma longa representação, de 377 páginas, nas quais são exaustivamente expostas ligações telefônicas, mostrando a intensa relação e associação dos principais acusados na organização e consecução de desvios de recursos do marketing do Banrisul, assim como outras provas. Clique aqui para ler a íntegra. Pela primeira vez, o leitor poderá verificar como se organizou e funcionou uma quadrilha que tratava a sua associação com uma contabilidade detalhada, o que não impediu que uma parte tenha se apropriado de valores muito maiores do que as outras. O processo que tramita na 6ª Vara Criminal de Porto Alegre tem o número 21100417549. A lista dos denunciados é a seguinte: Ana Paula Rodrigues Franco, Edineia Klein de Avila, Heloisa Valle de Oliveira, Maria Lucia Salvadori Zachia, Maria Selma da Silva, Neiva Eliane Hermann Saratt, Alexandre Ferlauto Della Casa, Amarante Gonzales de Freitas, Antonio João Carlos Florio D'Alessandro, Armando D'Elia Neto, Davi Antunes de Oliveira, Gerri Adriane dos Santos, Gilson Fernando Storck, Guilherme Thiesen, Ivan do Valle Haubert, Jairo Xavier Amaral, João Batista Rieder, Leandro Silvestre Francisco, Lucio Atilio Arzivenco Rodrigues, Mario Brenner Della Casa, Roberto Correa Otero, Rodolfo Rospide Neto, Rubens Salvador Bordini, Siegmar Pereira da Cunha e Walney José Wolkmer Fehlberg. A leitura da longa peça de denúncia é estarrecedora, especialmente nas transcrições das conversas gravadas. Elas chegam a mostrar, por exemplo, que parte do dinheiro desviado serviu para pagar amante do ex-chefe do departamento de marketing do Banrisul, Walney José Wolkmer Fehlberg, por meio de seu "sócio", o diretor financeiro da agência de publicidade DCS, que tinha a conta do Banrisul, Armando D'Elia Neto. Também há transcrição de conversa altamente assustadora, em que os principais acusados chegam a comentar a possibilidade de mandar matar o denunciado do esquema corrupto montado por funcionários e dirigentes do Banrisul, por diretores e funcionários das agências de publicidade DCS e SLM (detentoras da conta publicitária do Banrisul), e mais prestadores de serviços que superfaturavam ordens de serviço para desviar recursos. Alguns dos denunciados são figuras de expressão na vida pública gaúcha. Por exemplo, agora é réu o ex-vice-presidente do Banrisul, Rubens Bordini, apontado como um dos beneficiários dos desvios de recursos do banco público gaúcho. Outro denunciado é Rodolfo Rospide Neto. Trata-se de ex-deputado estadual e federal, ex-presidente do PMDB no Rio Grande do Sul, e ex-tesoureiro do partido nas últimas gestões do senador Pedro Simon como presidente do partido no Estado. Há transcrições de conversas dele que demonstram o verdadeiro sentido republicano que esses senhores aplicam à vida política e à administração pública. Suas conversas confirmam a afirmação do ex-deputado e ex-chefe da Casa Civil, Cesar Busatto, sobre o loteamento do poder entre os partidos e os objetivos desse loteamento. Também foi denunciado o dono da agência DCS, a maior do Estado: João Carlos Florio D'Alessandro. E-mails dele são usados como prova para os desvios de recursos das verbas do marketing do Banrisul em seu favor próprio e de sua agência. Também foi denunciada uma singular diretora da DCS. Trata-se de Ana Luisa Salvadori Zachia. Ela atendia a conta do Banrisul. Quem é ela? Ela é irmã do atual secretário do Meio Ambiente de Porto Alegre, Luis Fernando Salvadori Zachia, ex-presidente do PMDB na capital gaúcha. Na época dos desvios no marketing do Banrisul ele era deputado estadual, uma parte do tempo também foi secretário chefe da Casa Civil do governo gaúcho. Seu irmão, Pedro Paulo Salvadori Zachia, tem em seu nome uma empresa de comunicação que comprava espaços na rádio e televisão Bandeirantes, em Porto Alegre. O deputado peemedebista Zachia aparecia nesses programas. O ministério público não dá indicativo na sua denúncia de que o Banrisul fosse patrocinador destes espaços. Como deputado, Zachia não poderia receber patrocínio do Banrisul.  

Um comentário:

Alberto disse...

Mais dinheiro público sendo desviado por pessoas, que deveriam dar um bom exemplo, como foi nos casos Rodin, Detran! Decepção...