domingo, 13 de março de 2011

Os petistas e a videoteca de Durval Barbosa

Do site do jornalista Reinaldo Azevedo: "A Veja desta semana traz uma reportagem intitulada “De Caso com a Máfia”. A personagem principal é Durval Barbosa, o homem que provocou um terremoto político em Brasília. Sua videoteca ainda pode produzir estragos. Leiam um trecho do texto. Em entrevista a VEJA, na última quinta-feira, Durval Barbosa disse: “Entreguei às autoridades muito mais do que apareceu até agora. A sociedade tomará conhecimento de tudo em breve”. (…) Ele disse a amigos ter um vídeo capaz de causar sérios embaraços ao recém-empossado governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz - eleito na esteira do escândalo que, graças às revelações do delegado, derrubou José Roberto Arruda em 2010. Durval Barbosa, ao longo de quase dez anos, foi membro destacado do que agora ele ajuda a desbaratar. O delegado arrecadava propina dos empresários prestadores de serviços ao governo e a distribuía entre os políticos. Durval registrava tudo em vídeo. Em uma das dezenas de gravações ainda inéditas, Agnelo aparece conversando animadamente com o delegado no mesmo cenário em que outros políticos brasilienses foram flagrados recebendo dinheiro. O teor do diálogo? VEJA ouviu de uma pessoa que assistiu à gravação a definição da conversa: “Nada ortodoxa”. O governador, que se preparava para disputar as eleições, aparece vendo com muita atenção os filmetes estrelados por seus principais adversários. Depois, pede para levar uma cópia, no que é atendido. Quando está saindo da sala com os CDs nas mãos, Durval chama Agnelo e lhe entrega um jornal dobrado, que foi usado para ocultar os discos debaixo do braço. O governador, através de sua assessoria, confirma o encontro com o delator, mas informa que o objetivo foi apenas assistir a trechos editados dos vídeos. (…) Ao longo dos anos em que o sistema operou livremente. Durval Barbosa tratou de registrar tudo em vídeo: as conversas com empresários, as reuniões políticas e os encontros para distribuir o dinheiro arrecadado. A videoteca clandestina tornou-o figura onipotente na política local. Fazia nomeações para cargos importantes, demitia, ameaçava. A sanha de poder era tamanha que ele planejou estender sua influência para além do governo do Distrito Federal. Num dos depoimentos sigilosos prestados no âmbito da investigação, ao qual VEJA teve acesso, o delator admitiu ter feito chegar a Gilberto Carvalho, então chefe de gabinete do presidente Lula, um dos maiores interesses da máfia: a manutenção de um promotor ligado ao grupo na chefia do Ministério Público de Brasília. O recado a Carvalho, hoje ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, seguiu por meio de Christiane Araújo, uma advogada que goza de alguns privilégios e trânsito livre entre petistas poderosos da capital. Christiane integrou a equipe de transição de Lula para Dilma. Ex-assessora do delator Durval Barbosa, Christiane Araújo também aparece em um vídeo da coleção do antigo patrão. Assim como todos os outros personagens, embolsando maços de dinheiro. Em entrevista a VEJA, a advogada garante que nunca recebeu dinheiro de Durval: “Se existe essa imagem minha pegando dinheiro, com certeza não era pra mim. Eu resolvia problemas dele e da esposa, pagava contas para ele”. Sobre o pedido ao ministro Gilberto Carvalho, a ex-assessora também desconversa: “O doutor Gilberto não sabia de nada do Durval. Quando eu conversei com ele sobre o procurador, a nomeação já estava definida. Eu só comentei sobre a escolha”. Ouvida pelos investigadores, Christiane confirmou ter enviado um e-mail a Gilberto Carvalho. A resposta do então chefe de gabinete de Lula acabou apreendida pela Polícia Federal durante uma operação de busca numa das empresas investigadas por ligação com a máfia. Carvalho, a partir de seu e-mail funcional do Planalto, dizia que iria “encaminhar a demanda” - isso significava dizer que levaria o pedido ao presidente. A VEJA, o ministro afirmou não ter atendido à solicitação A advogada foi demitida do governo de transição depois de descoberto seu envolvimento em outro escândalo, o da máfia dos sanguessugas. Leonardo Bandarra, o promotor indicado por ela, foi reconduzido ao cargo, como a quadrilha desejava. Hoje, sabe-se que o procurador-geral recebia dinheiro para impedir e atrapalhar investigações de seus colegas sobre a quadrilha. Ele foi afastado do Ministério Público". Comento - Durval também simboliza um terremoto ético. Quer dizer que o petista Agnelo Queiroz tinha a vantagem de conhecer todas as safadezas de seus adversários e administrava esse ativo em parceria com Durval? O que tinha em mente? Como potencial beneficiário das chantagens que o outro fazia, como imaginava compensar aquele que lhe franqueava o benefício?

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