quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mínimo aprovado não repõe agora perda inflacionária durante governo petista

Arte: Folha de São Paulo
O salário mínimo de R$ 545,00 será insuficiente para repor a inflação acumulada desde o reajuste anterior e permitirá uma economia extra em ano de ajuste fiscal. Em meio a pressões das centrais sindicais por ganho real, o novo valor foi proposto quando se constatou que os R$ 540,00 concedidos em janeiro nem sequer compensavam a perda do poder de compra acumulada no ano passado, subestimada nos cálculos oficiais. A compensação, porém, demorará mais alguns meses, em razão de detalhes legislativos omitidos na retórica das autoridades. Pela regra estipulada no projeto aprovado na quarta-feira pelos deputados federais, o novo valor só entrará em vigor no primeiro dia do mês seguinte a sua conversão em lei, na hipótese mais otimista, em 1º de março. Com isso, a conta da inflação acumulada passa a incluir também os meses de janeiro, que foi acima das expectativas, e fevereiro, cujo resultado previsto é ruim. Se confirmadas as mais recentes projeções para o INPC (índice-referência das negociações) deste primeiro bimestre, o novo salário mínimo terá em março um poder de compra 1,3% inferior ao de janeiro de 2010, no último reajuste do governo Lula. Para repor a inflação de 14 meses, seria necessário um aumento para R$ 552,00. Trata-se do primeiro reajuste anual do mínimo abaixo da inflação desde 1997. Pelo acordo entre a administração petista e os sindicatos, o reajuste deveria ao menos fazer a correção pela variação dos preços. A perda dos aposentados e assalariados, porém, deverá ser compensada ao longo do ano, na comparação entre a proposta do Palácio do Planalto e a aplicação da regra acertada com as centrais. Para fazer a reposição do INPC, o mínimo deveria ter subido a R$ 543,00 em janeiro, se não fosse feito o arredondamento para um múltiplo de 5, que vinha sendo a prática do governo, mas não é obrigatório por lei. Em 12 meses, seriam R$ 6.516,00. Com o mínimo de R$ 540,00 no primeiro bimestre e R$ 545,00 no restante do ano, a soma fica ligeiramente superior, R$ 6.530,00. Mas, se a sanção presidencial do novo valor se arrastar até maio, a vantagem desaparece. Em qualquer cenário, trata-se de uma economia na comparação com o método seguido até então, que aplicaria os R$ 545,00 desde janeiro: a cada mês com o mínimo a R$ 540,00 poupam-se pelo menos R$ 115 milhões.

Nenhum comentário: