quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

José Serra visita o Congresso e afirma que “salário mínimo de R$ 600,00 é factível”

Na primeira visita ao Congresso desde que perdeu as eleições presidenciais para Dilma Rousseff, o ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), defendeu nesta quarta-feira o reajuste do salário mínimo para R$ 600,00. Segundo Serra, que apresentou o valor como proposta de campanha, o aumento “é factível e importante” para o País. “Acho que o mínimo de R$ 600,00 é factível, é importante sobretudo em uma época em que a inflação de alimentos se acelera”, disse Serra, depois de participar da reunião da bancada do PSDB na Câmara. Perguntado se aceitaria o convite do Senado para apresentar as formas que fundamentariam um reajuste do mínimo para R$ 600,00 quando o governo afirma ter condições de conceder apenas R$ 545,00 Serra afirmou que apresentaria a proposta “com todo gosto”: “Se for convocado pelo Senado, virei com todo gosto. Apresentei essa proposta e posso fundamentá-la. Prefiro não adiantar agora para não furar o Congresso". A idéia de convidar Serra para falar sobre o reajuste do salário mínimo foi apresentada nesta terça-feira pelo senador Itamar Franco (PPS-MG). Em um requerimento à mesa diretora, Itamar Franco propôs a realização de uma reunião na qual Serra e as centrais sindicais falariam dos motivos que justificariam um aumento do mínimo maior do que o proposto pelo governo. Serra foi a Brasília depois de receber um convite da própria bancada tucana na Câmara. Durante a conversa com os parlamentares do PSDB, o ex-governador pregou a unidade do partido para realizar uma oposição “de qualidade” ao governo Dilma. Serra chegou até a sugerir um 11º mandamento para a atuação da bancada no Congresso: “Não atacarás os companheiros de partido para não servires ao adversário". Serra disse que continuará fazendo política e prometeu uma atuação intensa: “A população pode esperar uma atuação intensa a partir do ponto em que estou. Nunca deixei de militar na política desde a época de estudante. Como líder estudantil, depois no exílio, na universidade, no governo estadual, no Congresso, no ministério, na prefeitura e, hoje, na planície. Vou lutar como sempre, cada época de acordo com as formas possíveis existentes". Na avaliação de Serra, uma oposição bem estruturada pode ajudar até mesmo o governo a atuar: “É muito importante para um país a qualidade da oposição. Uma boa democracia tem que ter uma oposição muito competente. A oposição faz bem até ao governo, na medida que ela fiscaliza, denuncia erros e cobra coisas concretas. É muito importante para o País uma oposição bem preparada”. Em uma resposta aos boatos de que estaria em conflito com o atual presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), Serra afirmou que a questão ainda não foi discutida no partido.  Serra também comentou o recente apagão registrado na região Nordeste. Para ele, o sistema elétrico brasileiro “tem uma doença” que é o subinvestimento. Serra afirmou que as quedas de energia estão se tornando uma rotina no país. Em um recado direto ao governo, ele afirmou que “não se evita apagão com discursos e respostas evasivas”. “Evidentemente, tem um problema no Brasil, tem uma doença no sistema elétrico. E essa doença está relacionada com o subinvestimento, está relacionada com descuido e desatenção e isso é indiscutível, porque, uma vez, podem dizer que foi um raio e, na verdade, aquela vez nem foi. Mas o fato é que está se transformando em uma rotina, infelizmente. É muito importante se descobrir direito quais são as questões e evitá-las. Não se evita apagão com discursos e respostas evasivas”, afirmou José Serra.

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