segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Petrobras quer diminuir meta de conteúdo nacional

Diante da incapacidade da indústria brasileira de atender a demanda por equipamentos e dos altos preços praticados no País, a Petrobras quer reduzir de 65% para 35% a meta de utilização de itens e serviços nacionais na exploração das novas reservas do pré-sal. A estatal já pediu ao governo para rever as chamadas metas de nacionalização, um compromisso de campanha da petista Dilma Rousseff. O tema da nacionalização no setor de petróleo é recorrente desde a campanha presidencial de Lula em 2002. Programa de televisão do então candidato criticava a Petrobras por encomendar plataformas em Cingapura durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Ainda no governo, Lula era um entusiasta do aumento da nacionalização. No final de 2010, durante inauguração da P-57, no Rio de Janeiro, Lula desafiou o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, a aumentar o conteúdo nacional de plataformas, chegando a projetos 100% brasileiros. A plataforma fora construída partir do casco de navio holandês convertido em um estaleiro de Cingapura. O pedido de redução da participação local se restringe às áreas do pré-sal cujos contratos ainda não foram firmados e não afeta os acordos já feitos. O Ministério de Minas e Energia agora estuda a flexibilização da regra. Reuniões entre a Petrobras e o ministro Edison Lobão foram feitas nas últimas duas semanas em busca de uma solução. O tema é considerado delicado, já que a presidente garantiu aos empresários brasileiros uma maior presença nacional no processo. O principal problema é de prazo: na área de cessão onerosa, a Petrobras precisa extrair 5 milhões de barris para pagar ao governo pela sua capitalização até 2014. Nesse prazo, não há como fabricar sondas no País. Além disso, Gabrielli disse a interlocutores que os preços praticados no mercado interno são um problema: uma sonda, por exemplo, custa cerca de US$ 1 bilhão no Brasil. Lá fora, paga-se 30% menos. Por conta desses entraves, a Petrobras já encomendou no Exterior parte das 28 sondas que vai utilizar. A regra atual exige que, para equipamentos de perfuração, o índice de nacionalização comece em 55%, passe a 60% em uma etapa intermediária e chegue a 65% nas encomendas finais.

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