quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Banco Central pare um ratinho na questão cambial

A decisão do Banco Central de criar um empréstimo compulsório para os bancos de 60% do valor da posição vendida em dólar pode ter menos efeitos no mercado cambial do que o esperado. Segundo especialistas, a regra irá aumentar os custos dos bancos para especular no mercado cambial à vista, mas as instituições ainda podem recorrer a outros investimentos no mercado futuro. O dólar era cotado a R$ 1,680 por volta das 12 horas. Isso não alteraria em grande medida a tendência da moeda, embora acentue a volatilidade no curto prazo. Para especialistas, a projeção para o dólar em 2011 não muda. "É uma medida absolutamente nova que pode ter dois objetivos: incentivar a demanda por dólar de tal forma que freasse a apreciação acelerada do real ou penalizar os agentes financeiros que estão vendidos e deixaram o mercado inundado de reais", diz o presidente do Grupo Fitta, André Nunes. Assim, a medida pode ser benéfica para o cenário de inflação e ajudar com a política monetária. "Irá recolher muito real do mercado, o que faz diminuir a inflação", explica Nunes. Para o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, esse não é o objetivo da medida embora ela reduza a liquidez do sistema financeiro. Para ele, o impacto monetário "não é relevante", pois seu efeito será diluído no tempo. A criação do compulsório representa a diminuição da atratividade para operar com a moeda, mas, para Nunes, os bancos podem começar a fechar contratos de dólar no mercado futuro, onde não há incidência da taxa do compulsório. "No curto prazo, pode ser criada uma barreira psicológica, que faça a moeda ficar próxima deste patamar de R$ 1,70, mas a cotação não depende apenas de medidas domésticas, mas também do andamento da economia dos Estados Unidos", diz o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano. Ambas as casas projetam que o ano será de volatilidade no mercado cambial. "Deve ficar girando entre R$ 1,65 e R$ 1,75, fechando o ano mais próximo de R$ 1,75 se a economia americana apresentar sinais de melhora", afirma Serrano.

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