quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

WikiLeaks divulga mais bombas diplomáticas

A publicação de novos documentos pelo site WikiLeaks causou nesta terça-feira alvoroço em capitais como Madri, Cabul e La Paz, uma categórica condenação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e maiores restrições ao acesso à bases de dados de correspondências diplomáticas por parte de Washington. Alguns dos documentos revelados destacam que o Brasil conhecia a presença das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, organização terrorista e traficante de cocaína) na Venezuela e considerava a Colômbia a "principal fonte de instabilidade" na região. O Brasil teria evitado reconhecê-lo publicamente pelo temor de que isso impedisse o trabalho de mediação de seu governo, segundo correspondências enviadas em novembro de 2009 desde a embaixada dos Estados Unidos em Brasília. Um dos maiores baques do dia foi causado em Madri, após a publicação no diário "El País" de documentos que indicam que os Estados Unidos pressionaram a interrupção das investigações abertas na Espanha contra americanos pelos casos de tortura na prisão de Guantánamo. Juízes e promotores negaram as acusações dos documentos, defendendo a autonomia do sistema judiciário espanhol. Por sua vez, o ministro da Justiça espanhol, Francisco Caamaño, qualificou de "categoricamente falso" que os Estados Unidos tenham oferecido 85 mil euros por cada preso de Guantánamo que a Espanha decidisse acolher. O vazamento de novos telegramas diplomáticos dos Estados Unidos pôs também em apuros o presidente afegão, Hamid Karzai, que aparece retratado em um documento de agosto de 2009 como um líder corrupto que aprovou a libertação de narcotraficantes e criminosos. A mensagem denuncia que 150 dos 629 detidos entregues ao governo afegão pela coalizão militar internacional foram libertados sem passar pelos tribunais desde 2007. Além disso, os telegramas diplomáticos confirmam o temor da diplomacia americana e britânica de que o programa nuclear paquistanês acabe facilitando material radioativo a grupos terroristas, assim como sua preocupação com uma perigosa troca de combustível nuclear com a Índia. Enquanto isso, em La Paz, o porta-voz do presidente Evo Morales desmentiu que o líder boliviano tenha sofrido um tumor no rosto, tal como revela um dos telegramas, e negou que esse tenha sido o motivo pelo qual foi operado em fevereiro de 2009. A onda expansiva chegou a Israel, onde deu o que falar um telegrama de fevereiro de 2009 em que se menciona que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apoiou a ideia de se trocar terras com os palestinos.

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