quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Fábrica de Schindler em Cracóvia é transformada em museu

Uma região industrial de Cracóvia, na Polônia, atrai hordas de turistas, embora não seja, em princípio, um lugar tipicamente turístico. Ali se encontra a antiga fábrica de Oskar Schindler, que inspirou o diretor norte-americano Steven Spielberg a rodar, em 1993, o filme "A Lista de Schindler", que conta os atos heróicos do industrial que salvou centenas de judeus durante a Segunda Guerra. Antigamente, os visitantes de Cracóvia deparavam-se com os portões fechados da antiga fábrica e só podiam observar de fora o cenário original do filme de Spielberg. Desde meados deste ano, o prédio encontra-se aberto ao público. A prefeitura de Cracóvia transformou a antiga fábrica em um museu e inaugurou a primeira exposição permanente sobre a vida na cidade durante a ocupação nazista, intitulada "Cracóvia: ocupação entre 1939 e 1945". A mostra é composta da biografia de Oskar Schindler e dos funcionários de sua fábrica.  "Eles são os principais protagonistas dessa exposição, mas não os únicos", diz Monika
Bednarek, curadora da mostra, que é dedicada a todos aqueles que foram afetados pela ocupação nazista na época. O destino dos trabalhadores judeus e funcionários da fábrica de Schindler é explicado dentro do contexto geral. Filho de uma família de industriais, Oskar Schindler viveu entre 1908 e 1974. Em outubro de 1939, após a ocupação da Polônia por forças nazistas, ele comprou uma fábrica de utensílios de cozinha em Cracóvia, que até a passagem compulsória das propriedades para mãos de "arianos", pertencia a judeus. A fábrica produzia utensílios de metal para cozinha e mais tarde peças para a indústria armamentista. Schindler foi beneficiado pela "arianização" das propriedades dos judeus e acumulou, nos anos que se seguiram, uma fortuna com negócios no mercado negro. Apesar de pertencer ao partido nazista NSDAP, aos poucos, ele se tornou cada vez mais consciente a respeito da condição aterrorizante dos judeus. Em sua fábrica, ele ocupava 1.200 trabalhadores forçados, que integraram sua famosa lista e foram por ele declarados "imprescindíveis" para a produção bélica nazista. Assim, ele salvou a vida de seus funcionários da morte certa nos campos de concentração. "Depois do fim da guerra, a fábrica de Schindler foi estatizada em 1947 e transformada na fornecedora de material de telecomunicações Telpod. Em 2002, a empresa fechou as portas. Três anos mais tarde, as instalações foram compradas pela prefeitura de Cracóvia. A cidade resolveu transformar a fábrica em museu", conta Monika Bednarek. Com financiamento da União Europeia, o prédio foi reformado. A mostra começa na Cracóvia dos anos 1930, em um ateliê de fotografia. Nas fotos, pode-se observar mulheres chiques passeando pelas ruas e judeus bem-humorados a caminho da sinagoga. A atmosfera era descontraída no pré-guerra. "Mostramos primeiro a história anterior à guerra, pois assim fica mais fácil perceber o que aconteceu durante a guerra", explica Monika Bednarek a respeito da exposição. No dia 6 de setembro de 1939, soldados alemães invadiram Cracóvia, cuja história durante a Segunda Guerra é contada de forma cronológica. Assim o visitante da exposição fica sabendo que quase 200 cientistas da universidade da cidade foram presos pelos nazistas em novembro de 1939. Depois, o visitante é levado a um bunker, ao gueto dos judeus e à estação central da cidade, de onde a população judaica era deportada. A exposição, concebida por cenógrafos e diretores de teatro, é composta de enormes painéis de parede em tamanho natural, displays digitais e telas multimídia, que auxiliam o visitante a compreender melhor as atrocidades daquele tempo através de ferramentas visuais e acústicas. Quanto ao industrial, a história de Oskar Schindler é contada no espaço onde antigamente funcionava o escritório da fábrica, por meio de fotos, documentos e móveis originais da época. No meio da sala, um grande cubo transparente, cheio de panelas, vasilhas e pratos de metal, serve para simbolizar a história do industrial e de seus funcionários. Dentro do cubo, estão os nomes de aproximadamente 1.200 trabalhadores forçados judeus, cujas vidas foram salvas por Schindler.

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