sábado, 23 de outubro de 2010

Ministro do STJ exorbita do seu cargo e demite estagiário

O ministro presidente do Superior Tribunal de Justiça, o gaúcho Ari Pargendler, teve um momento de fúria e descontrole, na última terça-feira, exorbitou das funções do seu cargo e demitiu de forma atrabiliária um estagiário que só cometeu o azar de haver ficado atrás dele na fila do caixa eletrônico, esperando a sua vez para usar a máquina. O episódio foi registrado na 5ª delegacia da Polícia Civil do Distrito Federal às 21h05 de quinta-feira. O boletim de ocorrência (BO), que tem como motivo “injúria real”, recebeu o número 5019/10. Ele é assinado pelo delegado Laércio Rossetto. O autor do boletim de ocorrência, e que foi efetivamente demitido do cargo no mesmo dia, é Marco Paulo dos Santos, de 24 anos, até então estagiário do curso de administração na Coordenadoria de Pagamento do Superior Tribunal de Justiça. Marco Paulo estava imediatamente atrás do presidente do Tribunal no momento em que o ministro usava um caixa rápido, localizado no interior da Corte. A explosão do presidente do Superior Tribunal de Justiça ocorreu na tarde da última terça-feira quando fazia uma transação em uma das máquinas do Banco do Brasil. No mesmo momento, Marco se encaminhou a outro caixa - próximo de Pargendler - para depositar um cheque de uma colega de trabalho. Ao ver uma mensagem de erro na tela da máquina, o estagiário foi informado por um funcionário da agência que o único caixa disponível para depósito era exatamente o que o ministro estava usando. Segundo Marco, ele deslocou-se até a linha marcada no chão, atrás do ministro, local indicado para o próximo cliente. Incomodado com a proximidade de Marco, Pargendler disparou: “Você quer sair daqui porque estou fazendo uma transação pessoal". Marco respondeu: “Mas estou atrás da linha de espera”. O ministro: “Sai daqui. Vai fazer o que você tem quer fazer em outro lugar”. Marco tentou explicar ao ministro que o único caixa para depósito disponível era aquele e que por isso aguardaria no local. Diante da resposta, Pargendler perdeu a calma e disse: “Sou Ari Pargendler, presidente do STJ, e você está demitido, está fora daqui”. Até o anúncio do ministro, Marco diz que não sabia quem ele era. Fabiane Cadete, estudante do nono semestre de Direito do Instituto de Educação Superior de Brasília, uma das testemunhas citadas no boletim de ocorrência, confirmou o que Marco disse ter ouvido do ministro. “Ari Pargendler ficou olhando para o lado e para o outro e começou a gritar com o rapaz.  Avançou sobre ele e puxou várias vezes o crachá que ele carregava no pescoço. E disse: "Você já era! Você já era! Você já era!”, conta Fabiane: “Fiquei horrorizada. Foi uma violência gratuita”. Segundo Fabiane, no momento em que o ministro partiu para cima de Marco disposto a arrancar seu crachá, ele não reagiu: “O menino ficou parado, não teve reação nenhuma”. De acordo com colegas de trabalho de Marco, apenas uma hora depois do episódio, a carta de dispensa estava em cima da mesa do chefe do setor onde ele trabalhava. Demitido, Marco ainda foi informado por funcionários da Seção de Movimentação de Pessoas do Tribunal, responsável pela contratação de estagiários, para ficar tranqüilo porque “nada constaria a respeito do ocorrido nos registros funcionais”. O caso será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal porque a Polícia Civil não tem “competência legal” para investigar ocorrências que envolvam ministros sujeitos a foro privilegiado. Pargendler é presidente do Superior Tribunal de Justiça desde o dia 3 de agosto. Tem 63 anos, é gaúcho de Passo Fundo e integra o tribunal desde 1995. Foi também ministro do Tribunal Superior Eleitoral.

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