sábado, 2 de outubro de 2010

Justiça do Peru condena ex-aliados do ditador Fujimori a 25 anos de prisão

Um tribunal peruano condenou nesta sexta-feira a 25 anos de prisão Vladimiro Montesinos, chefe do serviço secreto do ex-ditador peruano Alberto Fujimori, e o ex-comandante geral do Exército, Julio Salazar Monroe. Outros 20 militares receberam penas diferentes por envolvimento nos mesmos crimes. Em uma audiência pública, o tribunal, presidido pela juíza Inés Villa Bonilla, considerou todos culpados dos crimes de homicídio qualificado e desaparecimento forçado de pessoa. Os envolvidos, todos presos, foram condenados pela chacina de 15 pessoas em um solar de Barrios Altos, centro de Lima, em 1991; pela morte de nove camponeses na Província de El Santa (norte) e pelo desaparecimento do jornalista Pedro Yauri, na cidade de Huacho (norte). A pena de 25 anos foi imposta ao ex-general Juan Hermoza Ríos, que foi presidente do Comando Conjunto das Forças Armadas durante a maior parte do governo Fujimori (1990-2000), e ao ex-comandante geral do Exército, Julio Salazar Monroe. O chefe operativo desse grupo, o ex-major Santiago Martin Rivas, recebeu também uma pena de 25 anos de prisão. O tribunal determinou que Rivas ordenou a execução das 15 vítimas no solar de Barrios Altos e que inclusive foi ele quem iniciou os disparos. Os demais militares receberam sentenças de 15 e 25 anos. A pena contra Montesinos é semelhante à imposta em abril do ano passado ao ex-ditdor Fujimori, considerado autor intelectual do Grupo Colina, ao qual também é imputada a morte de nove estudantes e de um professor da Universidade de La Cantuta, e que é alvo de um julgamento paralelo. Montesinos já tinha recebido uma pena de 20 anos por tráfico de armas para a guerrilha das Farc (organização terrorista e traficante de cocaína na Colômbia), mas como no Peru as condenações não são cumulativas, será aplicada a mais alta, ou seja, a recebida nesta sexta-feira. Durante a audiência, em tom desafiante, os militares sentenciados cantaram o hino do Exército em coro. Todos integraram o chamado Grupo Colina, um destacamento clandestino integrado por oficiais e subalternos do serviço de inteligência do Exército. Quanto à matança de Santa, a Primeira Sala Penal Especial estabeleceu que também foi provado que o destacamento sequestrou um grupo de nove camponeses, e que também matou o jornalista Pedro Yauri.

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