quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Serra faz um duro discurso em São Paulo e diz : “Francenildo somos todos nós”

O tucano José Serra discursou na noite desta quarta-feira em um encontro de prefeitos em São Paulo que apóiam a sua candidatura à Presidência e a de Geraldo Alckmin (PSDB) ao governo de São Paulo. Foi uma fala bastante clara em defesa da democracia. O presidenciável procurou marcar as suas diferenças com a adversária Dilma Rousseff. Serra exaltou a liberdade de expressão e afirmou: “Dia sim, outro também, alguém deste governo fala em controlar a imprensa. O partido do governo sonha com o dia em que vai poder censurar a imprensa. A expressão, bonita, é ‘controle social’, como se a palavra ’social’ pudesse legitimar o conteúdo horroroso, maquiar as más intenções. Em palavras diretas, querem estabelecer comitês partidários para decidir o que os jornais e as revistas poderão ou não publicar, as rádios, TVs e a internet poderão ou não veicular. Querem sufocar economicamente quem ousa discordar". Ele também foi incisivo ao abordar a questão das violações de sigilos promovidas pela petralhada: "Os brasileiros e brasileiras precisam ser livres para não temer que o Estado, financiado com o dinheiro de todos nós, seja ocupado por uma máquina partidária que ameaça e persegue as pessoas, que viola nossos direitos fundamentais. Como, por exemplo, o direito ao sigilo bancário e fiscal. As notícias estão aí, o segredo fiscal de pessoas que o governo identifica como adversárias foi quebrado por gente na Receita Federal evidentemente a serviço de uma operação político-partidária. Quando se viola o sigilo bancário de um caseiro, viola-se a Constituição. Quando se viola o sigilo fiscal de representantes da oposição, viola-se a Constituição. Quando se viola o sigilo telefônico e de correspondência de adversários, viola-se a Constituição. Não perguntem jamais quem é Francenildo Pereira. Francenildo são vocês. Francenildo somos nós. Não passo a mão na cabeça de malfeitores. Exijo é que se respeitem os Francenildos e as Marias, os Josés e as Anas". Francenildo Silva Santos foi o caseiro da mansão da República de Ribeirão Preto, alugada em Brasília, no Lago Sul, para servir de ponto de encontro dos amigos do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e para a realização de festinhas com a presença de prostitutas providenciadas pela cafetina Mary Jeanny Corner. Francenildo depôs na CPI do Correios, no Senado Federal, e confirmou que havia visto o ministro Antonio Palocci na mansão. A petralhada ficou alvoroçada. Então o marido da jornalista petista Helena Chagas, moradora de mansão ao lado da mansão da turma de Ribeirão Preto, ouviu de seu jardineiro que este tinha ouvido de Francenildo que havia recebido uma bolada e que procurava casa para comprar. O afoito marido da jornalista petista, então assessor no gabinete do senador petista Tião Vianna, passou a informação para seu chefe. Este ligou para Palocci e retransmitiu a informação, que o caseiro Francenildo tinha recebido uma bolada. Era fácil imaginar a cabeça fértil do petismo: o caseiro deveria ter sido comprado pela oposição. Rapidamente a informação chegou ao então presidente da Caixa Econômica Federal, o trotskista gaúcho Jorge Matoso. E o resultado é conhecido: estupraram a conta bancária de Francenildo. O filho do assessor de imprensa de Palocci, que trabalhava na sucursal da revista Época, em Brasília, recebeu a informação e sua publicação precipitou o lançamento do blog da revista com o "furo". Ocorre que Francenildo tinha recebido o dinheiro de um pai, empresário, que reconhecera sua paternidade tardiamente. Isso é uma estória cafajeste que ficará para a história brasileira como uma das grandes contribuições do petralhismo para o enriquecimento da ética no País. No seu discurso na noite desta quarta-feira, José Serra criticou o comportamento dos petistas no episódio da quebra de sigilos da Receita. E disse: "Não se deram ao trabalho nem mesmo de fingir ou simular indignação. Dão de ombros, emitem notas protocolares, ameaçam até processar as vítimas. Mas o Brasil é maior do que eles. Com muito trabalho, luta e fé, vamos derrotá-los". José Serra atacou as obras paradas e propaganda
do regime bolivariano de Lula: "Na economia, somos o país campeão dos altos impostos, campeão dos juros, campeão do atraso na infraestrutura. Você vê o horário eleitoral deles, você vê a propaganda do governo, paga com o dinheiro do povo, e parece que todos os problemas do Brasil foram resolvidos. Obras que não existem, que andam mais devagar que tartaruga, são divulgadas dia e noite como se já estivessem prontas. Eles seguem a receita repugnante, repudiada pela História, de que a mentira repetida mil vezes se transforma em verdade. Só que eles não sabem que a receita está errada. O povo não é bobo". José Serra reconheceu que há avanços no Brasil, mas acusou o PT de tentar destruir a obra dos que o antecederam e apontou a “mais escancarada exibição de falta de caráter de que se tem notícia”: “Claro que há avanços, pois este governo teve a felicidade de colher o que os outros plantaram. Talvez estejamos assistindo à mais escancarada exibição de falta de caráter de que se tem notícia na história da política brasileira. A ingratidão é um defeito de caráter, a ingratidão é a cicatriz que revela uma alma complicada. O que é o PT? Um partido que tenta destruir os que o antecederam no governo, enquanto governa sobre as bases construídas com muito esforço e suor por quem veio antes. Governa e estraga essas bases". Serra lembrou que o Brasil ainda tem grandes problemas: “Metade dos adolescentes fora das escolas, a necessidade de uma completa reforma do sistema de saúde, organizar o combate ao crime e às drogas, a construção e recuperação da infraestrutura, o déficit habitacional que chega a milhões de moradias”. E incitou a que se faça a comparação para saber quem reúne as melhores condições de manter a estabilidade da economia para poder resolvê-los: “‘Quem tem mais condições de manter a estabilidade? Nesse terreno, um passo em falso que seja pode trazer prejuízos irremediáveis para os brasileiros. Quem tem mais condições de brigar lá fora para defender a economia do Brasil? Quem tem mais condições de defender os ganhos da estabilidade que chegaram ao bolso dos brasileiros na forma de salário, crédito e benefícios? Somos nós! É de nós que o Brasil Novo precisa".

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