segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Estratégia do Banco Central de ampliar acúmulo de reservas divide economistas

As boas condições da economia do Brasil e a expectativa da bilionária capitalização da Petrobrás, que será realizada até o final deste mês, são os principais fatores que explicam o aumento de US$ 7,5 bilhões das reservas cambiais nas últimas semanas, de US$ 260,59 bilhões, no dia 23 de agosto, para US$ 268,10 bilhões, na última sexta-feira, pelo conceito de liquidez internacional. Os benefícios para o País gerados pelo contínuo aumento desta poupança externa divide as opiniões de especialistas. Para Márcio Garcia, professor da PUC-RJ, o Brasil conseguiu enfrentar bem a pior crise financeira internacional dos últimos 75 anos quando as reservas estavam em US$ 210 bilhões. Na sua avaliação, como aquela poupança hoje está ainda maior (subiu US$ 58 bilhões desde julho de 2009), não se justifica elevar os impactos fiscais decorrentes de um volume mais robusto destes recursos. De acordo com o último Relatório de Gestão das Reservas Internacionais do Banco Central, no dia 31 de dezembro de 2009, as reservas totalizavam US$ 239,05 bilhões e estavam aplicadas nas seguintes moedas: 81,9% em dólares dos Estados Unidos, 7% em euros, 3,7% em libras esterlinas, 3,5% em dólares canadenses, 1,9% em dólar australiano e 2% em outras divisas, entre elas o iene japonês. Garcia estima que o impacto para o Tesouro Nacional do acúmulo de reservas está em oito pontos porcentuais ao ano (diferença entre a remuneração das reservas cambiais no Exterior, próxima a 2,5% ao ano, e os 10,75% ao ano que custa para o governo a emissão de títulos públicos realizada para evitar que o ingresso de capitais estrangeiros no País aumente de forma expressiva a base monetária, o que causaria pressões inflacionárias). Aqueles oito pontos porcentuais representam um impacto para o caixa do governo equivalente a US$ 1,6 bilhão quando as reservas sobem US$ 20 bilhões. "Este é um custo fiscal significativo", destacou Garcia. Para o economista-chefe da LCA, Braulio Borges, as reservas de US$ 268 bilhões representam perto de 13% do Produto Interno Bruto (PIB), bem superior aos 10% do PIB apontados como "um nível ótimo" estimado por acadêmicos internacionais que estudam o tema.

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