domingo, 19 de setembro de 2010

Diretor dos Correios e argentino se unem para controlar transporte

O diretor de Operações dos Correios, coronel Eduardo Artur Rodrigues, que assumiu o cargo em 2 de agosto em uma "reformulação administrativa" comandada pela ex-ministra-chefe Erenice Guerra, é testa de ferro do empresário argentino Alfonso Conrado Rey. Alfonso, que mora em Miami, é o verdadeiro dono da empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA). Ex-coronel da Aeronáutica, Eduardo Artur Rodrigues faz parte de um grupo de executivos e advogados que tem uma rede de empresas de fachada espalhadas pelo Uruguai, Estados Unidos e Brasil. Eles movimentam dinheiro para um casal de laranjas brasileiros, como provam documentos do Banco Central, e trabalham para fazer da MTA o embrião da empresa de logística e carga aérea que o governo Lula promete criar após as eleições. O negócio atiça os empresários porque os Correios pretendem comprar dessas empresas aéreas os aviões da nova estatal. A MTA ganhou as manchetes nas últimas semanas por causa do tráfico de influência de Israel Guerra, filho da ministra Erenice, a seu favor. Documentos mostram que o coronel Artur envolveu-se pessoalmente no esquema montado para a empresa MTA funcionar no Brasil. Era, inclusive, consultado sobre decisões a serem tomadas. A legislação brasileira é clara: o capital estrangeiro não pode superar 20% em empresas aéreas. Para viabilizar a MTA com recursos externos e driblar autoridades, foi criada, de 2005 para cá, a tal rede com pelo menos seis empresas de fachada com sede em apenas dois endereços: um em Campinas e outro em Montevidéu, no Uruguai. Em outra ponta, sustenta o esquema um grupo de empresas com sede nos Estados Unidos, ligadas ao argentino Alfonso Conrado Rey. Ele é o dono do grupo norte-americano Centurion Cargo, que é quem movimenta o dinheiro e fornece os aviões da MTA. Quem aluga o avião para a MTA é o dono da MTA e quem "empresta" os dólares que chegam de fora é a própria empresa. Dono oculto da MTA fora do Brasil, Alfonso Rey esteve em Brasília em para prestigiar a posse do coronel Artur como diretor de Operações dos Correios. Até pouco antes de assumir essa diretoria, o coronel dirigia a MTA no País. Agora, o diretor é o peruano Orestes Romero, mas, no papel, os ex-sogros da filha do diretor dos Correios, Tatiana Silva Blanco, são os donos, como "laranjas". O "casal de Ipanema", Anna Rosa Pepe Blanco Craddock e Jorge Augusto Dale Craddock, como é conhecida a dupla de "laranjas" da MTA, mora no Rio de Janeiro e não entende nada de transporte aéreo de carga. O uso do casal como "laranja" fica evidente pelos documentos do Banco Central, pois, além da MTA, são eles que "recebem" os empréstimos milionários, em dólares, remetidos do Uruguai para a MTA. Os papéis do Banco Central mostram como os dólares são movimentados. No mês passado, a MTA simulou empréstimo de US$ 2,5 milhões junto à Viameral Sociedad Anônima, com sede na Avenida 18 de Julho, 878, em Montevidéu, repetindo transações semelhantes ocorridas desde 2006, quando entraram pelo menos outros US$ 2 milhões. Só que essa empresa uruguaia não existe na prática. Sua filial no Brasil, a Viameral Participações, fica no mesmo endereço da MTA em Campinas. Na "sede", em Montevidéu, funciona ainda a Deadulus Aviation Financing, matriz da "campineira" Deada Investimentos Ltda, outra companheira de sede da MTA. Coincidentemente, no mesmo endereço uruguaio estão registradas a DC-Quatro Cargo S.A e a CD-Cinco Pax, que alugam os aviões para a MTA funcionar no Brasil. Além do peruano Orestes Romero, os negócios da MTA no Brasil são hoje dirigidos pelo advogado argentino Eduardo Galasio e o brasileiro Fernando Barbosa, amigo do diretor dos Correios. Todos são homens de confiança de Alfonso Rey.

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