quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Petistas ocupam 274 cargos em conselhos de empresas com capital público

O enfraquecimento dos "petistas bancários" no governo Lula produziu uma intensa disputa por 274 cargos nos conselhos de 74 empresas nas quais a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) tem participação. Os mais cobiçados são na estrutura societária da Vale, onde Sérgio Rosa, que deixou o comando do fundo de pensão em maio, ainda ocupa a presidência do conselho de administração. Até o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, se candidatou para assumir uma cadeira do conselho da mineradora. Como a Vale é cliente do Banco do Brasil, instituição na qual a companhia tem várias linhas de crédito, analistas do mercado financeiro entendem que a presença do presidente do banco no conselho da mineradora poderia suscitar conflito de interesse. Além disso, é o presidente da Previ quem historicamente preenche a vaga a que o fundo de pensão dos trabalhadores do banco tem direito. A Vale é a empresa na qual a Previ concentra seu maior investimento individual, cerca de R$ 35 bilhões. A Previ é comandada hoje pelo ex-vice-presidente do Banco do Brasil, considerado de perfil "independente" e com bom trânsito no Palácio do Planalto. Assim, a vaga deveria ser dele. Esse acerto valia até o final da semana passada. Sérgio Rosa tem mandato no conselho da Vale até abril do ano que vem. Ele havia aceitado assumir a presidência da Brasilprev (coligada do Banco do Brasil) e abrir mão da cadeira na mineradora. No último final de semana, porém, houve uma reviravolta no acerto. A revista Veja trouxe denúncias de que, sob o comando de Sérgio Rosa, funcionava na Previ uma "fábrica de dossiês" contra adversários políticos do PT. Assim, os sócios do Banco do Brasil na Brasilprev, o grupo americano Principal, levantaram dificuldades para aceitar o nome do ex-presidente do fundo de pensão. Pelo menos 12 ex-dirigentes sindicais têm assento em conselhos de 11 empresas em que Previ tem sociedade. Entre as empresas estão o grupo Neoenergia, que controla várias distribuidoras de energia do País, e a Invepar, que tem empresas na área de transportes e logística. Esse grupo, do qual Sérgio Rosa e o ex-presidente do PT, Ricardo Berzoini, são os maiores expoentes atualmente, perdeu espaço na administração do presidente Lula nos últimos meses. Um dos motivos recentes de mais desgaste foi o episódio de um dossiê contra o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O próprio governo atribui aos "bancários" a autoria do material. Planalto, Banco do Brasil e Previ estudam promover uma grande troca nos conselhos dessas empresas caso a candidata petista Dilma Rousseff vença a eleição presidencial.

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