terça-feira, 24 de agosto de 2010

Estado de calamidade nos hospitais de Porto Alegre, prefeitura suspende todas as cirurgias eletivas por 48 horas

A Secretaria Municipal da Saúde da prefeitura de Porto Alegre decidiu suspender todos os procedimentos eletivos por 48 horas nas urgências dos hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) da capital e estão mais do que superlotados. A medida pretende reorganizar o sistema na Capital e foi anunciada nesta terça-feira, 24, em reunião convocada pelo Ministério Público, que pretendia concretizar o estado de calamidade na saúde pública da cidade. Segundo o secretário de Saúde, Carlos Henrique Casartelli, com a decisão emergencial adotada, os procedimentos cirúrgicos ou internações clínicas que não têm urgência serão remarcados com o objetivo de minimizar o problema da lotação nas emergências. A iniciativa será reavaliada em 48 horas. Caso persista o problema, o período poderá ser ampliado. Casartelli apontou dois fatores para a super lotação das emergências: a alteração do clima, com a ocorrência de mais casos de doenças respiratórias, e a greve dos residentes. Na verdade, são justificativas sem pé nem cabeça. O clima muda todos os anos, especialmente no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre, onde se registram quatro estações muito definidas. E o inverno é sempre rigoroso. A greve dos residentes é episódica. A Secretaria da Saúde está agindo de novo de modo paliativo, embora seja a gestora plena da saúde pública na capital gaúcha. Na segunda-feira, em um desses paliativos, resolveu encaminhar 13 pacientes para o Hospital Vila Nova. Além da suspensão dos procedimentos eletivos, técnicos da saúde se reúnem com a direção do Parque Belém, na Zona Sul, para avaliar a possibilidade de ampliar o número de leitos na instituição. Outras três medidas devem ser tomadas pelos gestores da saúde. A Procuradoria-Geral do Município avaliará a possibilidade de requisitar as instalações do Hospital Independência, atualmente fechadas, para o Hospital de Clínicas assumir o serviço, com a ajuda financeira do governo do Estado. Também foi apontada nova possibilidade do Grupo Hospitalar Conceição assumir o Hospital Luterano. É uma absoluta vergonha que Porto Alegre tenha três ou quatro hospitais fechados, há anos, e que nenhuma autoridade tomasse medida para rever essa situação, e só se mexam quando a situação chega ao ponto da calamidade pública, exigindo a intervenção do Ministério Público, que desta feita precisa ser elogiado por sua iniciativa. O secretário Casartelli divulgou ainda que há mais de um mês discute com o Hospital Espírita a ampliação do atendimento. A direção da instituição estuda a possibilidade, proposta pelo município, de ampliar o atendimento também para hospital geral, já que sua especialidade é em saúde mental. É sempre assim, os caras discutem interminavelmente, mas soluções levam anos para serem encontradas, e essas autoridades só se mexem quando sentem a possibilidade de serem processadas. Somente quando o Ministério Público se mexeu, por meio da promotora Angela Rottuno, é que as autoridades públicas começaram a se mover como se estivessem em um estado de guerra. E a situação é de um estado de guerra. Agora, se o Brasil entrasse em uma guerra de verdade, estava todo mundo ferrado com a administração pública existente, incapaz de dar soluções aos problemas na medida em que se apresentam. Vagas em hospitais não podem faltar, deve sempre haver mais oferta do que a procura.

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