segunda-feira, 19 de julho de 2010

New York Times denuncia que a elite turca ajudou a organizar frota atacada por Israel

A "organização de caridade" responsável pela embarcação turca que liderou o "comboio humanitário", abordado pelo Exército de Israel em 31 de maio, tem ligação com a elite da Turquia, e a tentativa da frota de desafiar o bloqueio israelense à Faixa de Gaza teve o apoio do governo turco, conforme o jornal The New York Times, que cita diplomatas e fontes do governo. De acordo com o The New York Times, embora tenha sido criticada no Exterior, a ação do grupo, denominado I.H.H., ajudou o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, a obter o apoio da ala muçulmana conservadora do país e aumentar a influência da Turquia no mundo árabe. Segundo fontes do governo turco, cerca de dez parlamentares do governista AK (Partido da Justiça e Desenvolvimento) consideraram a possibilidade de embarcar no navio Mavi Marmara, que foi abordado por soldados e teve nove terroristas mortos em reação à selvagem agressão que promoviam sobre soldados de Israel. No entanto, funcionários do ministério turco de Relações Exteriores alertaram que a presença dos políticos poderia acirrar demais as tensões com Israel. Ao retornarem à Turquia, os ativistas foram bem recebidos por representantes do governo, de acordo com Huseyin Oruc, vice-presidente do grupo, que estava na embarcação. "Quando voltamos à Turquia, eu estava com medo do que poderia acontecer devido ao episódio, mas quando desci do avião em Istambul vi Bulent Arinc, o vice-primeiro-ministro, em prantos", disse ele, citado pelo jornal: "Nós temos uma boa coordenação com o sr. Erdogan". Egemen Bagis, ministro turco para assuntos europeus, tentou negar que o AK mantenha laços com o grupo. "O I.H.H. não tem nada a ver com o AK, e não existe uma agenda secreta," disse Bagis. De acordo com o jornal The New York Times, 21 pessoas que fazem parte do I.H.H. têm fortes elos com o AK. Em janeiro, Murat Mercan, presidente do comitê parlamentar de Relações Exteriores e alto membro do partido, se juntou a um comboio terrestre para Gaza organizado pelo grupo que tentava forçar a entrada na região pela passagem de Rafah, no Egito. O "grupo humanitário" foi fundado no início da década de 90, a princípio para ajudar a população carente em Istambul e as vítimas da guerra na Bósnia. Hoje, o I.H.H. atua em mais de cem países, e é uma instituição de apoio a organizações terroristas islâmicas. A entidade possui um braço na Cisjordânia e outro em Gaza. Uma carta escrita em 21 de junho e assinada por 87 senadores americanos pede que o grupo seja qualificado como organização terrorista internacional. Nesse caso, os Estados Unidos devem investigar as atividades da documentarista Iara Lee, brasileira de ascendência coreana que estava no navio turno que pretendeu afrontar ilegalmente o bloqueio israelense à Faixa de Gaza. Israel já acusou o grupo de manter ligações com as organização terroristas Hamas e a rede Al Qaeda.

Nenhum comentário: