sábado, 24 de julho de 2010

MP do Mato Grosso já levantou meio bilhão de reais com golpes na Assembléia Legislativa

O esquema de desvio de recuros na Assembléia Legislativa do Mato Grosso causou um rombo de R$ 209 milhões aos cofres públicos entre 1999 e 2002, segundo fontes do Ministério Público. Em valores atualizados, isso representa um prejuízo de mais de meio bilhão de reais. Desde 2003, a Promotoria já moveu 91 ações de improbidade contra o presidente da Assemblé Legislativa, deputado estadual José Geraldo Riva (PP), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Humberto Bosaipo, e outras pessoas acusadas de envolvimento com o esquema. No último dia 29 de junho, o Superior Tribunal de Justiça determinou o bloqueio dos bens de ambos. A descoberta das fraudes teve origem na operação Arca de Noé, da Polícia Federal, que em 2002 desbaratou um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro no Mato Grosso liderado por João Arcanjo Ribeiro, o “comendador”. Arcanjo ganhou esse apelido por ter recebido uma comenda da Assembléia Legislativa, que na época já era comandada pelo muito probo deputado estadual José Geraldo Riva. Condenado por uma série de crimes, Arcanjo está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande. Durante a operação, a Polícia Federal encontrou centenas de cheques da Assembléia Legislativa na factoring Confiança, braço financeiro do grupo de Arcanjo. Esses cheques foram compensados por empresas que teriam prestado serviços para a Casa.
Segundo a investigação do Ministério Público estadual, tratavam-se, na verdade, de empresas fantasmas abertas para lavar o dinheiro desviado da Assembléia. Ao todo, o esquema teria usado 91 empresas de fachada (o que resultou nas 91 ações), que recebiam cheques periodicamente por serviços não prestados. Em outros casos, ainda de acordo com o Ministério Público, também houve saque dos cheques diretamente no caixa de uma agência do Banco do Brasil por funcionários da Assembléia Legislativa. Alguns cheques foram endossados por Riva e Bosaipo. Dos processos movidos pelo Ministério Público, quatro já resultaram na condenação de Riva, Bosaipo e outros envolvidos. No momento, o deputado está afastado das funções administrativas da Casa Legislativa, mas mantém o mandato. Ele recorre na segunda instância de uma sentença que determinou a perda de seus direitos políticos. O muito probo José Geraldo Riva aguarda o julgamento de recursos no Tribunal de Justiça do Mato Grosso e também responde a 17 ações penais no Superior Tribunal de Justiça, além de processos na Justiça Eleitoral. A peça, com todo esse currículo, é candidato favorito à reeleição.

Nenhum comentário: