sexta-feira, 25 de junho de 2010

Procurador arquiva investigação sobre a morte de Jango

O Ministério Público Federal decidiu arquivar a investigação sobre a suspeita de assassinato do ex-presidente João Goulart (1919-1976). Em despacho interno, o procurador Júlio Schwonke de Castro Júnior descarta a tese de uma conspiração internacional para matar Jango em seu exílio na Argentina. Para o procurador, a suspeita de assassinato se baseava unicamente em "depoimentos confusos e contraditórios" de Mário Neira Barreiro, ex-agente da ditadura uruguaia preso por crimes comuns no Brasil. Ele disse à Polícia Federal ter participado de uma ação conjunta dos regimes do Cone Sul, supostamente batizada de Operação Escorpião, para eliminar Jango e impedir seu retorno ao País. Segundo o relato, o presidente teria morrido por envenenamento, e não por infarto fulminante, como registra seu atestado de óbito. A investigação foi aberta há dois anos e quatro meses pela Procuradoria da República no Rio Grande do Sul. O órgão analisou documentos secretos e ouviu diversas testemunhas, entre elas um ex-adido militar em Buenos Aires e a ex-primeira-dama Maria Thereza Goulart. No despacho assinado no último dia 9, o procurador Júlio Schwonke ainda manifestou irritação com Cristopher Goulart, neto de Jango, e ameaçou responsabilizá-lo criminalmente por não devolver os autos do caso. O neto de Jango criticou o arquivamento e acusou o Ministério Público de não se empenhar no caso. "É nítida a falta de interesse do Estado brasileiro de levar a investigação a sério", afirmou ele. Ele disse que estuda pedir a abertura de nova investigação na Argentina, onde o presidente morreu: "É um país mais amadurecido para apurar os crimes da ditadura". No mês passado, o historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira disse acreditar que a família Goulart reforçaria a tese conspiratória por interesses financeiros.

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