quinta-feira, 29 de abril de 2010

Doleiro acusa tesoureiro do PT de mentir sobre encontros

O doleiro Lúcio Bolonha Funaro acusou nesta quarta-feira, no Senado Federal, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, de mentir sobre os encontros que manteve com ele e de ter uma "relação umbilical" com o grupo Schahin, "que é alvo de uma série de investigações da polícia e do Ministério Público por fraudes como lavagem de dinheiro e evasão de divisas". Em depoimento a senadores em março, Vaccari afirmou que havia se encontrado apenas uma vez com o doleiro, quando foi apresentado a ele pelo deputado federal Valdemar Costa Neto (PL-SP). "Mentira dele. Estive com o senhor Vaccari mais de uma vez. Algumas vezes. Não posso revelar o teor das reuniões. Mas com certeza não era sobre Bancoop porque nunca tive nada com construtora. Nem sobre o PT porque não tenho nenhuma relação com partidos políticos. Mas posso dizer que tratamos de operações financeiras", disse Funaro, que afirma aceitar fazer uma acareação com o petista. Vaccari, que é ex-presidente da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), é investigado pelo Ministério Público de São Paulo por desvios de recursos da cooperativa para campanhas petistas, inclusive de Lula, e irregularidades na aplicação de dinheiro de fundos de pensão. Funaro foi convidado para depor nesta quarta-feira na CPI das ONGs do Senado sobre as acusações que teria feito ao Ministério Público Federal, em acordo de delação premiada. Segundo a revista "Veja", o doleiro afirmou a procuradores que Vaccari cobrava propina de investidores interessados em fazer negócios com fundos de pensão estatais. Ele se negou a falar sobre a suposta propina, dizendo que seguia orientação de seus advogados. No entanto, aproveitou o depoimento para fazer acusações contra o grupo Schahin, com o qual uma empresa que ele representa está em litígio legal. O doleiro afirmou que o grupo tem "contratos no valor de US$ 7 bilhões com a Petrobras, todos com irregularidades", e desafiou os senadores a investigarem a denúncia. Ele admitiu que é representante no Brasil da britânica Gallway, controladora da Cebel (Centrais Elétricas Belém), que ainda contabiliza os prejuízos com a queda da barragem no rio Apertadinho, em Vilhena (RO), em 2008. A empresa pede na Justiça indenização de R$ 600 milhões ao consórcio Vilhena, formado pela Schahin e pela EIT (Empresa Industrial e Técnica). "São fatos, não são denúncias", disse o doleiro, que entregou à CPI documentos que comprovariam as acusações contra a Schahin. O advogado do tesoureiro do PT, Luiz Flávio Borges D'Urso, afirmou que o petista vai comparecer ao depoimento na CPI, agendado para o dia 4, e fará todos os esclarecimentos necessários para "mostrar que as acusações do doleiro não são verdadeiras". D'Urso disse ainda que Vaccari está disposto a fazer acareação, caso o pedido seja aprovado pela comissão. "Essa história de relação umbilical do Vaccari com a Schahin é bobagem".

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