segunda-feira, 26 de abril de 2010

Dois ex-ditadores argentinos serão julgados por roubo de bebês

Os ex-ditadores argentinos Jorge Videla e Reynaldo Bignone serão julgados a partir do dia 20 de setembro pelo roubo de 33 crianças durante a ditadura militar (1976-1983). Além de Videla e Bignone, serão julgados ainda o ex-chefe do Exército, Cristino Nicolaides, e os militares Santiago Omar Riveros, Jorge "El Tigre" Acosta, Antonio Vañek, Rubén Franco e Juan Antonio Azic. Eles são acusados de "subtração, retenção, ocultação e substituição de identidade de menores de 10 anos", como "responsáveis remotos" dessas ações. O julgamento deve contar com cerca de 300 testemunhas e durar aproximadamente seis meses. A causa foi instruída pelo juiz federal Norberto Oyaribe, que no ano passado ordenou que Videla, o primeiro dos quatro presidentes da ditadura, cumprisse prisão preventiva na penitenciária de Campo de Maio, próximo a Buenos Aires. O último ditador do regime militar da Argentina (1982-1983), Reynaldo Bignone foi condenado a 25 anos de prisão na semana passada por crimes contra a humanidade cometidos durante os chamados "anos de chumbo". Outros cinco ex-comandantes da ditadura militar, cúmplices de Bignone nos crimes cometidos, receberam penas de 17 a 25 anos de prisão. Os ex-generais Santiago Omar Riveros, ex-comandante do Instituto Militar, e Fernando Verplaetsen, ex-chefe da Inteligência de Campo de Mayo, foram condenados a 25 anos. O ex-militar Carlos Tepedino, a 20 anos. Já os antigos militares Jorge García e Eugenio Guañabens Perelló foram sentenciados a 18 e 17 anos de prisão, respectivamente. Durante o julgamento, que começou em novembro passado, cem testemunhas foram ouvidas, entre elas Héctor Ratto, sobrevivente do centro de torturas e ex-trabalhador da montadora alemã Mercedes-Benz, que acusou a empresa de ser cúmplice do regime. Os crimes dos raptos dos nenês ocorreram entre 1976 e 1978, quando Bignone chefiava a guarnição do Campo de Mayo, cujas masmorras chegaram a manter 4.000 opositores ao regime, incluindo muitos desaparecidos. O Campo de Mayo também abrigou uma maternidade clandestina que permitiu o roubo de bebês e a mudança de suas identidades para que as crianças fossem entregues a outras famílias.

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