quinta-feira, 11 de março de 2010

Dissidente cubano diz que Lula esqueceu o passado

A frase pela qual o presidente bolivariano Lula comparou os dissidentes cubanos que fazem greve de fome com os bandidos comuns presos em São Paulo repercutiu fortemente em Cuba. E de forma negativa, especialmente por quem se viu atingido. A professora e oposicionista cubana Licett Zamora, porta-voz da greve de fome do psicólogo e jornalista Guillermo Fariñas, repassou o que ele diz a respeito da declaração. "A única coisa que ele me disse foi que precisava fazer uma declaração, porque chama a atenção que um senhor proveniente da classe trabalhadora proceda assim. A única coisa que tenho a declarar é que Lula é um cúmplice do governo cubano que se esqueceu de quando foi um perseguido político da ditadura brasileira nas décadas de 60 e 70. Isso é tudo o que ele me disse que tinha de dizer". A declaração de Lula, feita na terça-feira, foi a seguinte: "Penso que a greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos para libertar pessoas. Imagina se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade". A frase do presidente bolivariano brasileiro ocorreu no momento em que Fariñas mantém uma greve de fome desde o dia 24 de fevereiro, na cidade de Santa Clara. No fim do mês passado, no mesmo dia em que Lula visitava Cuba para um encontro com o ditador Raúl Castro, o preso político Orlando Zapata morreu em razão de complicações de saúde provocadas por uma greve de fome. Fariñas, de 48 anos, já perdeu 13 quilos com a greve de fome e apresenta sinais de desidratação, mas se recusa a ir para o hospital, como recomendam os médicos. "Sinto em recusar, mas não vou ao hospital porque na minha consciência não cabe outra morte como a de Orlando Zapata", disse Fariñas sobre o preso político que morreu de greve de fome no dia 23 de fevereiro passado, em meio à visita de Lula a Cuba.

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