domingo, 21 de fevereiro de 2010

Petróleo reaquece disputa anglo-argentina pelas ilhas Falklands

A disputa anglo-argentina pelas ilhas Falkland voltou a ganhar destaque internacional. O estopim agora é o progresso das explorações petrolíferas por companhias britânicas na região. O vice-chanceler argentino, Victorio Taccetti, condenou esse avanço como um "ato unilateral de agressão". A plataforma de extração Ocean Guardian, a caminho desde novembro último, chegou às Ilhas Falklands neste final de semana e começará imediatamente sua tarefa de exploração em busca de petróleo. Sua proprietária é a firma norte-americana Diamond Offshore. Ela conta com 46 instalações desse tipo e extrai petróleo do subsolo marinho por encargo da britânica Desire Petroleum e de outras duas empresas. O governo argentino afirmou que aplicará sanções contra as empresas petroleiras internacionais instaladas no país que trabalhem na exploração de petróleo nas Ilhas Falklands, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Victorio Taccetti: "Nosso próximo passo será colocar em prática a resolução da Secretaria de Energia, assinada em 2007, que prevê sanções para empresas de hidrocarbonetos que trabalhem para os usurpadores das ilhas". O analista energético Daniel Montamat, ex-secretário de Energia, disse que entre as sanções está a que determina o cancelamento das licenças para a exploração de petróleo na Argentina. O governo da presidente peronista populista Cristina Kirchner já havia anunciado que iria ampliar as restrições aos navios que vão em direção ao arquipélago. Nisso ela age igual aos militares. Quando a ditadura militar estava moribunda, os militares inventaram uma guerra com a Inglaterra pelas Ilhas Falklands. Foram miseravelmente derrotados, e a ditadura caiu. Agora, com seu governo beirando o desastre, a peronista populista Cristina Kirchner inventa uma segunda "guerra" com a Inglaterra em torno da exploração do petróleo nas Ilhas Falklands. Tudo isso é para tentar iludir a opinião pública argentina, incendiá-la de nacionalismo para que deixe de pensar em suas desgraças diárias. Mas, qualquer brasileiro que vá passar o final de semana em Buenos Aires percebe a raiva de parcela muito grande do povo de Buenos Aires contra Cristina Kirchener. Segundo Taccetti, as medidas seriam cabíveis já que, para os argentinos, os britânicos estariam buscando petróleo "numa área que não lhes pertence". Autoridades britânicas nas ilhas disseram que a busca de petróleo é "legítima". Em um comunicado, a Assembléia Legislativa das Falklands informou que "tem todo o direito" de desenvolver "negócios legítimos" no setor de hidrocarbonetos. Na quinta-feira, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse que o país já adotou "todas as medidas necessárias" para proteger sua soberania no arquipélago. A presidente da Argentina, a peronista populista Cristina Kirchner, pedirá nesta segunda-feira ao Grupo do Rio, reunido no México, que condene a exploração de petróleo nas Ilhas Falklands, autorizada pelo Reino Unido. O chanceler Jorge Taiana já entrou em contato, no México, com os ministros do grupo para promover uma declaração de apoio à posição de Buenos Aires no conflito. A peronista populista viajou na noite deste domingo para Riviera Maya (sudeste do México), para onde convergirão 25 presidentes da América Latina e do Caribe. Na guerra de 1983, o Brasil ficou neutro na disputa. Uma neutralidade, aliás, só no papel, porque permitiu que aviões bombardeiros ingleses Vulcan fizessem escala técnica para reabastecimento na Base Aérea de Canoas, na Grande Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

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