sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Declaração de general sobre gays nas Forças Armadas divide senadores

A declaração do general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho durante sabatina na quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, de que os gays não têm trabalho "compatível" com as Forças Armadas, gerou divergências entre os senadores nesta quinta-feira. O general é indicado para uma vaga no Superior Tribunal Militar. O senador Romeu Tuma (PTB-SP) saiu em defesa do general ao afirmar que ele não pode ser retaliado por ter manifestado uma opinião sincera. "Pior seria se ele mentisse lá na comissão e, em seguida, agisse de forma diferente das suas palavras no tribunal. Ele não foi preconceituoso, apenas alertava sobre as dificuldades de participação dos homossexuais nas Forças Armadas. A pergunta feita ao general foi muito simplista", disse Tuma. Mais cedo, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) prometeu apresentar pedido para que o general fosse novamente ouvido na Comissão de Constituição e Justiça para "explicar melhor" suas declarações. Suplicy estava na comissão no momento em que Cerqueira Filho externou sua posição, mas não contestou o general. Nesta quinta-feira, Suplicy (depois de passar os efeitos do Mogadon) disse que reavaliou as palavras de Cerqueira Filho, por isso decidiu reagir. "Como a Constituição tem como um de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana, sem preconceito de sexo, cor e idade, quero sugerir que possam de novo comparecer à Comissão de Constituição e Justiça, para expressar que não estão contrariando a Constituição", disse Suplicy. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), disse que o general não pode ser novamente sabatinado pela comissão. Mas reconheceu que Cerqueira Filho pode ser ouvido em audiência pública, se esse for o desejo da maioria dos integrantes da comissão. Durante a sabatina, o general disse que "a vida militar se reveste de características que podem não se enquadrar em quem tem esse tipo de comportamento". Ele afirmou que não vê problemas na presença de gays se mantiverem a "dignidade e a honra". "Mas não vejo que é compatível com o trabalho nas Forças Armadas", afirmou. Segundo o general, o indivíduo homossexual não consegue comandar uma tropa por não ter características de comando sobre os demais militares. "O indivíduo não consegue comandar em combate, tem uma série de atributos e fatalmente a tropa não vai obedecer. A tropa não obedece indivíduos desse tipo. Estou sendo sincero na minha resposta", afirmou ele. Já o almirante Álvaro Luiz Pinto, também ouvido na Comissão de Constituição e Justiça, adotou postura neutra sobre a presença de gays nas Forças Armadas: "Não tenho nada contra, desde que mantenham a dignidade da farda, do cargo e do trabalho. Se ele mantiver a sua dignidade, sem problema nenhum. Se for ferindo a ética, aí eu não seria a favor". A Marinha é tida como a força militar que tem a maior incidência de homossexualismo em seus quadros.

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